Augusto Diniz | Música brasileira
Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.
Augusto Diniz | Música brasileira
Folclorista Inimar dos Reis grava tradições populares com uma pegada contemporânea
O novo álbum ‘Folias e Folguedos’ apresenta um repertório de congada, batuque, fandango e ciranda
Inimar dos Reis é um dos maiores conhecedores da cultura popular no País, com vários trabalhos lançados sob essa atmosfera. Seu mais recente álbum, Folias e Folguedos, celebra a riqueza das manifestações tradicionais brasileiras em 12 faixas.
“É muito tempo de pesquisa e experiência pessoal com as comunidades e com os mestres. Escolhemos esse repertório de batuque, carimbó, cana-verde, afoxé, arrasta-pé”, afirmou a CartaCapital. O disco é formado por músicas inéditas e outras recolhidas de manifestações como congada, fandango, ciranda e guerreiro alagoano.
Segundo Inimar, a intenção foi “dar uma cara nova para a cultura popular”, a fim de ampliar esse repertório. Assim, o álbum ganhou um tom mais contemporâneo. Ao todo, 27 artistas receberam o convite para participar do projeto, entre instrumentistas, músicos e cantores de grupos como Cupuaçu (SP), Onhas do Jequi (MG), Cachuera!, Congada de São Benedito (SP) e Folia de Reis de Mário Soares (SP).
Músico, ator, escritor e folclorista, Inimar dos Reis é natural de Jequitinhonha, norte de Minas Gerais, uma das regiões mais ricas em cultura popular no País. “Meu berço era a viola. Meu pai era tropeiro, boiadeiro, tocava sanfona. Mas minha herança vem do meu avô, que era violeiro, cantador e brincante.”
No disco, com direção musical de Marquinho Mendonça, duas manifestações chamam a atenção por serem menos conhecidas: cana-verde e guerreiro alagoano.
“A cana-verde é um fandango. A que gravei é específica de Embu as Artes (SP)”, explica, acrescentando que ela tem uma sonoridade mais caipira. De acordo com o folclorista, a cana-verde do Ceará, por exemplo, se assemelha à quadrilha junina.
Inimar destaca também que participou em Alagoas do guerreiro Treme-Terra, do mestre Benon. “Ele me presenteou com toda a indumentária do período em que estive lá. É um alto de caboclinho misturado com baile de Congo. Eles trazem as igrejas e as capelas na cabeça, diferente do reisado, que traz as coroas.” A manifestação é parte dos festejos de ciclo natalino.
No período das festas juninas, diz Inimar dos Reis, as manifestações são muito diversas. Ele menciona a celebração do bumba-meu-boi (MA), a festa de Parintins (AM), o siriri e o cururu (MT) e o forró (Nordeste).
Em seu livro Folias e Folguedos do Brasil, foca exatamente nas tradições juninas Brasil adentro. “Às vezes pensamos que só tem ciranda em Pernambuco, mas temos no Pará, em Parati (RJ), em Minas Gerais… Tem ciranda em todo canto do Brasil.”
Inimar dos Reis considera essencial ensinar o ciclo das festas populares na escola.
Assista à entrevista:
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