Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Augusto Diniz | Música brasileira

Filme detalha como ritmos paraenses e caribenhos fizeram nascer a lambada

Trata-se de um documentário rico em depoimentos, que apresentam os mestres Pinduca e Vieira, essenciais à formação do estilo musical

Foto: Bruno Carachesti
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Surgimento de ritmos musicais no Brasil é sempre cercado de muitas versões. As Origens da Lambada (2023, 52 min.), de Sonia Ferro e Félix Robatto, tratou de reunir vários depoimentos sobre o nascimento do estilo, originando um documentário com riqueza de detalhes sobre um pedaço da história contemporânea da música brasileira.

Na década de 1970, emissoras de rádios AM do Caribe eram facilmente captadas no Pará. Por elas, se ouvia cumbia e principalmente merengue. Isso foi um passo para que esses ritmos se juntassem a estilos musicais paraenses, notadamente o carimbó.

Dessa fusão nasceu a lambada. Mas o documentário vai atrás de músicos, produtores e profissionais de mídia daquela época para darem seu depoimento sobre o que de fato aconteceu.

É curioso ver no filme como o termo lambada já era referenciado antes mesmo do marco do surgimento do gênero.

Um radialista no Pará a mencionava como algo forte antes de apresentar música caribenha na programação. “Lambadear” era ainda um convite à dança. LPs com gravações caribenhas, intitulados Lambadas Internacionais, chegaram a ser lançados antes mesmo da data oficial do nascimento do gênero.

A baliza considera “oficial” o lançamento da lambada em 1976, simplesmente por dois ícones da música paraense. Pinduca, o Rei do Carimbó, lançou a música Lambada Sambão em um disco, enquanto o Mestre Vieira (já falecido), criador da guitarrada, fez um LP intitulado Lambadas das Quebradas, lançado em 1978, mas gravado em 1976.

O preconceito no início com a lambada, considerado um som brega, também é abordado filme. Mas isso não foi capaz de deter o crescimento do ritmo musical, que se tornou um fenômeno até internacional.

A segunda fase da lambada, nos anos 1980, transformou a indústria fonográfica paraense numa potência nacional, mostra o documentário. Nomes como Alípio Martins, Beto Barbosa e o grupo franco-brasileiro Kaoma fizeram explodir o ritmo no Brasil e no mundo.

Félix Robatto, diretor do filme, é músico, pesquisador e responsável por manter o gênero vivo até hoje no Pará. É um documentário interessante para conhecer como se desenrolam esses processos musicais.

As origens da Lambada foi apresentado na edição 2023 do festival In-Edit Brasil, de documentários musicais. Seus produtores agora negociam a exibição em canal de TV aberta antes de disponibilizá-lo na internet.

Assista ao trailer:

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