Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Augusto Diniz | Música brasileira

‘Fazer 80 anos é uma vitória’, diz Benito di Paula

Cantor e compositor ganha álbum com suas canções na voz de João Bosco, Criolo, Zeca Baleiro, Teresa Cristina, Roberta Sá, Juçara Marçal e outros

Foto: Murilo Alvesso/Divulgação
Apoie Siga-nos no

Benito de Paula completou 80 anos em novembro passado. Ao longo desse tempo, o cantor e compositor foi deixando marcas permanentes na música brasileira, principalmente na década de 1970, influenciando músicos e até gênero musical.

Neste ano, Benito ganha um álbum com gravação de 16 canções na voz de artistas destacados da música brasileira. Uma já foi lançada dias atrás, a música Se Não For Amor, interpretada por João Bosco.

Outro single será lançado e se juntará inicialmente num EP de quatro faixas a ser apresentado ainda neste primeiro semestre do ano. O EP terá, além da canção gravada por João Bosco, as interpretações de Teresa Cristina da música Proteção às Borboletas, de Mariana Aydar de Do Jeito que a Vida Quer e do grupo Demônios da Garoa junto com Rodrigo Campos e Rodrigo Vellozo (músico filho de Benito de Paula e produtor do álbum), que gravaram Madrugada – faixa que dará título ao EP.

O álbum completo, que tem o nome de Benito 80, sai no segundo semestre, e tem ainda a participação de Criolo interpretando Charlie Brown, Juçara Marçal em Retalhos de Cetim, Ná Ozzetti em Depois do Amor, Zeca Baleiro em Além de Tudo, Roberta Sá em Como Dizia o Mestre, Xande de Pilares em Razão pra Viver, entre outros.
Sobre a obra-prima Retalhos de Cetim, um dos maiores sambas do século XX, Benito diz ter se inspirado no Orfeu do Carnaval, o homem simples, comum e sambista.

“O Orfeu atrás do amor dele. É uma trama. Ela prometeu desfilar, mas não desfilou e ele chorou. O Orfeu do Carnaval chorando porque sua cabrocha não desfilou”, conta o cantor e compositor sobre a visão que teve na construção da canção.

Representatividade

Rodrigo Vellozo selecionou o repertório que tem relação profunda com a história do pai, não necessariamente que tenha feito sucesso, mas de representatividade na carreira. “O repertório fala da persona dele e possível capilaridade da sua influência”, diz.

A única canção que não é letra e melodia de Benito no álbum é a clássica Ah, Como Eu Amei, cujos compositores são Jota Velloso e Ney Velloso, irmãos do cantor.

O produtor do álbum conta que os convidados têm relação afetiva com a obra do pai. Benito é um representante de uma das correntes do samba e influenciou diretamente o pagode dos anos 1990. Tanto que Xande de Pilares gravou várias músicas do artista quando era vocalista do grupo Revelação.

A indicação dos artistas que participaram do disco foi do próprio Rodrigo. A única escolha de Benito foi do cantor José Mariano para a canção Além do Arco-Íris. Ambos se conheceram na Catedral do Samba, antiga casa de show de São Paulo onde Benito se projetou.

Benito di Paula não canta no songbook. Ele lançou no final do ano passado um álbum de inéditas, em comemoração aos seus 80 anos. O songbook era para sair na mesma época, mas a pandemia atrasou a gravação das participações.

“Fazer 80 anos é uma vitória. A gente sobrevive. A cultura popular brasileira é jogada para um lado que não existe. E os caras entram nessa. Não é para entrar”, declara Benito de Paula.

“Faça seu caminho, faça sua música. Procure se lembrar daqueles que fizeram antes de você. Faça a coisa certa. Isso vale para quem está começando. Você precisa fazer as coisas com fé, com amor, respeitando o próximo e o passado. O presente é você”.

Instrumentistas

Não é só na lista de intérpretes que o projeto tem bons nomes. Rodrigo Vellozo que, além de cantor e compositor, é pianista como o pai, se cercou de instrumentos de primeira que carregam hoje a nova linguagem musical brasileira.

Os instrumentos do álbum são Allen Alencar (guitarras), Igor Caracas (bateria e percussões), Marcelo Cabral (contrabaixo e synth), Rodrigo Campos (guitarras, cavaco e percussões), Thiago França (sopros e arranjos de naipes), Allan Abbadia (trombone), Amilcar Rodrigues (trompete), Maria Beraldo (clarone), Grazi Pizani (trompete) e Pedro Moreira (trombone).

Na direção musical e produção, Rodrigo Vellozo divide com Romulo Fróes, outro craque.

ENTENDA MAIS SOBRE: , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo