Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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Estela Ceregatti lança álbum, exposição e documentário sobre a cacica Carolina Rewaptu

Cantora, compositora e especialista em antropomúsica conta que a indígena xavante é coletora de sementes para reflorestamento

Foto: Henrique Santian
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Estela Ceregatti teve primeiro contato com a cacica Carolina Rewaptu há três anos, quando criou uma trilha sonora para um documentário de mulheres indígenas coletoras de sementes ou “mulheres sementeiras”. A xavante era uma das protagonistas.

Em outro encontro, ganhou da cacica uma gravata xavante. “Ela pediu que eu usasse sempre que fosse cantar, como fonte de proteção. Colocou em meu pescoço e eu senti a energia pulsar ali naquele instante. Me emociono até hoje”, lembra Ceregatti. 

A cantora cuiabana diz que sentiu “a relevância da continuidade do nosso elo e da responsabilidade de dar as mãos a todo povo xavante, a todas as mulheres sementeiras e a honrar minha ancestralidade indígena por parte de mãe”. 

Agora, Ceregatti lança um álbum autoral, já disponível nas plataformas digitais, que referencia a indígena. O registro fonográfico integra um projeto que conta ainda com um documentário sobre a vida da xavante (ainda a ser lançado) e uma exposição fotográfica virtual, disponível no site da cantora. As fotos são de Henrique Santian e Jade Rainho, ambos envolvidos na direção do documentário. O experiente André Magalhães se envolveu na produção musical do disco e do audiovisual.

Temática mulher

A cuiabana, em paralelo, lança outro disco, o Terra Força Mulher, com produção musical de André Magalhães e Jhon Stuart. O trabalho conta com parcerias com a indígena Márcia Kambeba, Socorro Lira e Déa Trancoso.

“Neste trabalho, abarco amplamente a temática da mulher, com homenagens àquelas que me inspiram na caminhada e me impulsionam a compor. Nasce também da minha relação com minha terra natal e da conexão com o signo de capricórnio, meu ascendente do elemento terra”, diz. 

As duas iniciativas foram viabilizadas pela Lei Aldir Blanc. “Vi a oportunidade de realizar os dois projetos que, para a minha alegria, nasceram quase simultaneamente, como se fossem braços de um mesmo tronco”, afirma. “Falar sobre mulheres por meio da arte também é um ato político que propicia reflexão e contribui para a transformação de uma sociedade mais justa e respeitosa”.

Ceregatti, graduada em música e especialista em antropomúsica, diz que dar voz às mulheres indígenas “é reconhecer as raízes das flores mais amarelas dos cambarás” e falar sobre mulheres “é um legado de amor à vida, é ter vida de teimosia”.

O primeiro álbum solo da cantora foi lançado em 2017. Antes, ela havia gravado dois com o grupo Monofoliar, formado por ela e mais os mato-grossenses Jhon Stuart e Juliane Grisólia. 

“Desejo que os álbuns continuem a prosperar, cumprindo um papel político e artístico inovador por meio do hibridismo musical que propõem”, finaliza. 

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