Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Ensaio analisa Gal Costa na Tropicália e sua influência no movimento

Autora ressalta a voz e a estética particulares como instrumentos de expressão da cantora

Foto: Reprodução/'A Todo Vapor – O Tropicalismo Segundo Gal Costa'/Garota FM Books

Apoie Siga-nos no

Gal Costa ainda é pouco analisada em relação à sua representatividade na Tropicália, por meio da qual se lançou à carreira musical.

O fato é que pouco se discute a influência das mulheres que participaram do movimento no seu início, com o lançamento do álbum Tropicália ou Panis et Circencis (1968). Como diz a pesquisadora Taissa Maia, elas foram “secundarizadas”.

Maia lançou recentemente o livro A Todo Vapor – O Tropicalismo Segundo Gal Costa (Garota FM Books; 128 páginas), no qual joga luz sobre a cantora baiana. No ensaio, ela sustenta que a intérprete usava a maneira peculiar de cantar e a estética particular como formas de se expressar.

A canção Divino, Maravilhoso (Caetano Veloso, Gilberto Gil), com os emblemáticos versos “é preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte”, foi o primeiro clamor triunfante nessa direção, em 1968.

O protagonismo da baiana na Tropicália também foi debatido na cinebiografia Meu Nome é Gal, de Dandara Ferreira e Lô Politi, lançada neste ano.

Fica evidente no longa-metragem o desejo de Caetano Veloso e Gilberto Gil, próceres do movimento, de dar à recém-chegada amiga o papel de intérprete feminina do projeto contracultural – já que Maria Bethânia se posicionará para trilhar outros caminhos.


Quando Caetano e Gil se exilaram, em 1969, restou a Gal tomar a frente do movimento de seu jeito. O show Fa-tal (1971) – depois transformado em um emblemático disco – talvez tenha sido o ápice desse seu jeito de se expressar, com figurino ousado, estética original (e inspiradora para muita gente) e repertório para lá de dissidente, considerando a época.

O livro ressalta que Gal Costa deu asas ao que foi colocado na sua frente, pelo menos na parte musical, em contraponto à vida íntima contraditória revelada após a sua morte. É uma obra, assim como o filme Meu Nome É Gal, que vai dando mais clareza sobre o papel da baiana na história da música, muito além da fascinante voz.

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.