Gal Costa ainda é pouco analisada em relação à sua representatividade na Tropicália, por meio da qual se lançou à carreira musical.
O fato é que pouco se discute a influência das mulheres que participaram do movimento no seu início, com o lançamento do álbum Tropicália ou Panis et Circencis (1968). Como diz a pesquisadora Taissa Maia, elas foram “secundarizadas”.
Maia lançou recentemente o livro A Todo Vapor – O Tropicalismo Segundo Gal Costa (Garota FM Books; 128 páginas), no qual joga luz sobre a cantora baiana. No ensaio, ela sustenta que a intérprete usava a maneira peculiar de cantar e a estética particular como formas de se expressar.
A canção Divino, Maravilhoso (Caetano Veloso, Gilberto Gil), com os emblemáticos versos “é preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte”, foi o primeiro clamor triunfante nessa direção, em 1968.
O protagonismo da baiana na Tropicália também foi debatido na cinebiografia Meu Nome é Gal, de Dandara Ferreira e Lô Politi, lançada neste ano.
Fica evidente no longa-metragem o desejo de Caetano Veloso e Gilberto Gil, próceres do movimento, de dar à recém-chegada amiga o papel de intérprete feminina do projeto contracultural – já que Maria Bethânia se posicionará para trilhar outros caminhos.
Quando Caetano e Gil se exilaram, em 1969, restou a Gal tomar a frente do movimento de seu jeito. O show Fa-tal (1971) – depois transformado em um emblemático disco – talvez tenha sido o ápice desse seu jeito de se expressar, com figurino ousado, estética original (e inspiradora para muita gente) e repertório para lá de dissidente, considerando a época.
O livro ressalta que Gal Costa deu asas ao que foi colocado na sua frente, pelo menos na parte musical, em contraponto à vida íntima contraditória revelada após a sua morte. É uma obra, assim como o filme Meu Nome É Gal, que vai dando mais clareza sobre o papel da baiana na história da música, muito além da fascinante voz.
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