Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Augusto Diniz | Música brasileira

Em novo disco, Hyldon relembra parcerias com Tim Maia, Paulo Coelho e Mano Brown

Músico fundador do soul brasileiro, que completa 50 anos de carreira solo, lança seu 17º álbum com regravações e muita história

Foto: Ernani d’Almeida/Divulgação
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Hyldon lançou um compacto simples com a canção Na Rua, na Chuva, na Fazenda em 1973. Era o seu primeiro trabalho gravado, apresentado há quase 50 anos, e que se tornou seu grande sucesso. De lá para cá, vieram mais discos e muitas histórias.

O músico apresenta agora Parceiros, seu 17º álbum, já disponível nas plataformas de música, com oito regravações e duas inéditas. No trabalho, Hyldon esbanja maturidade musical, acompanhado com uma banda vigorosa.

O cantor, compositor e guitarrista foi da banda de Tim Maia por quase toda a década de 1970. Também amigos, costumavam ir à praia juntos. 

Tim Maia havia gravado um compacto simples com o cantor Fábio. A gravadora planejava outro com a dupla, em que cantariam Velho Camarada, de Augusto César, inserindo Na Rua, na Chuva, na Fazenda como terceira parte da canção.

Tim mostrou Velho Camarada a Hyldon num dessas idas à praia, mas disse que a parte com a inserção do sucesso de Hyldon deveria ser cantada pelo próprio. 

E assim foi feito. Velho Camarada tornou-se um estrondoso sucesso nas vozes de Fábio, Tim Maia e Hyldon. É uma das músicas que compõem o álbum Parceiros. Outra faixa do disco é uma música de Hyldon com Paulo Coelho.

Caminho de Santiago

Hyldon conheceu Paulo Coelho por meio de Raul Seixas, que era seu vizinho. Paulo havia feito o Caminho de Santiago (que deu origem ao clássico livro Diário de um Mago). Hyldon, na época, foi numa palestra do escritor sobre o tema. 

A palestra ficou na sua cabeça. Aí ele fez uma música, apresentou por telefone a Paulo, que colocou letra no mesmo dia e do jeito que Hyldon imaginou. A canção, que tem o nome de Caminho de Santiago, também entrou no álbum Parceiros.

Com Arnaldo Antunes

Seguindo o trabalho, tem a música 17 Beijos, uma regravação que surgiu após conhecer Arnaldo Antunes em seu programa na MTV. E lá conheceu ainda a cantora Céu, numa gravação.

O músico passou a frequentar a casa do Arnaldo. E a Céu ficou sabendo e passou ir lá também. Fizeram cerca de 10 músicas. Hyldon se deslocava do Rio para São Paulo só pra compor na casa do Arnaldo. Numa dessas idas, ficou na poltrona 17.

E resolveu “brincar” com o número 17, já que ele e Céu comemoram aniversário no mesmo dia: 17 de abril. “Na Bahia, 17 beijos é só pra começar”, ri Hyldon, que nasceu em Salvador. Desses encontros dos três músicos é que saiu 17 beijos.

Ainda sobre história de canções gravadas no disco, Dexter desenvolvia um projeto em um presídio e Hyldon participou de um evento lá. À noite, foram para casa de uma produtora. Aí, apareceu Mano Brown, que queria conhecer Hyldon – foi o primeiro encontro dos dois. 

Os três ficaram conversando sobre os antigos bailes black. Hyldon pegou um violão que tinha na parede, fez um refrão e do encontro saiu Foi no Baile Black.

Duas inéditas

O novo disco de Hyldon conta ainda com duas canções inéditas. Uma balada com Nando Reis, que ao ouvir um trecho ficou tão “maluco” que pediu para terminar. A música tem o nome de Chuva e Saliva.

Em Silêncio (Gritos na Madrugada), outra inédita, trata de depressão e suicídio de jovens, e foi feita por Hyldon com a dupla de rap do U-Clãn.

O disco se completa com músicas feitas por Hyldon com outros parceiros musicais importantes: I Don’t Know What to do with Myself (com Tim Maia), Lua Nova (com Sérgio Natureza), Primeira Pessoa do Singular (com Caetano Veloso) e Música Bonita (com Luís Otávio).

Músicos que gravaram o álbum Parceiros estão Guinho Tavares (vocal e guitarra), Márcio Pombo (vocal, piano elétrico e sintetizadores), Rafael Garrafa (contra-baixo), Rodrigo Revelles (saxofone) e Felipe Marques (bateria).

A capa do disco é uma foto de seu casamento. Hyldon teve que fugir para o interior da Bahia para casar porque o pai da mulher era um bravo coronel do Exército e odiava músicos cabeludos. Eles estão juntos há 38 anos.

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