Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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Em novo álbum, Filipe Ret traz a ‘realidade dos que estão próximos’

Artista do rap lança sexto trabalho disponibilizado no formato enhanced no Spotify, com conteúdo extra sobre o disco

Foto: Steff Lima/Divulgação
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O músico Filipe Ret começou há mais de dez anos com o rap crítico. Com o tempo, se ligou a temas mais relacionados ao trap e ao funk. No seu sexto trabalho, lançado no último dia 16, o artista realiza uma confluência de gêneros.

Nas 11 faixas de Lume, o rapper trata de superação, desigualdade social, sexo, amor e violência. “É um disco para pista. Explícito e ritmo para frente”, resume.

Dentro da linha de misturar rap e funk, o novo álbum de Ret conta com a participação de representantes dos dois gêneros. Do lado do funk, Anitta, Poze do Rodo, Maneirinho, Cabelinho, L7nnon e MC Hariel, e do rap, Caio Luccas e Kayuá. É o disco do músico com mais participações.

Na música 7Meiota, que Filipe Ret divide com MC Maneirinho e MC Cabelinho, um proibidão em que a realidade da favela se mistura com o desejo. O artista revela que a canção era de Maneirinho, mas ele gostou tanto que resolveu gravar.

Na abertura da faixa, a mensagem vivenciada pelo autor da canção: “Ao invés de dar uma arma de brinquedo a uma criança, prefiro dar uma bola, uma bicicleta. Nunca vou incentivar dar um tiro na polícia. Só que a própria polícia incentiva eles, entrando na casa do menor de 10 anos dando um tiro na cara do pai dele. Como ele vai crescer com a mão no coração?”

Na gíria, “7meiota” significa fuzil. A música trata de alguém que transporta esse tipo de arma na comunidade. “Conta um lado de quem está na favela. Reflete a realidade de alguns que estão próximos”, diz Ret.

Já sobre as faixas Melhor Agora e Todo Poder, Ret afirma ser autobiográfica. As duas tratam de superação, uma característica das músicas do gênero. “A gente está sempre querendo se superar. Existe a falsa ideia de que quando se chega num lugar, numa etapa, um status na carreira, a gente senta e fica tranquilo. Não existe isso. Simplesmente continuamos trabalhando muito mais. A gente está sempre se superando”, ressalta.

A faixa com a participação da Anitta tem o nome de Tudo Nosso e foi escrita para ela cantar. Nela, Ret trava um diálogo musical com a cantora, de defesa e ataque. A música terá um videoclipe a ser ainda lançado.

“Estou sempre compondo. Paro em frente ao microfone e improviso, coloco as ideias sentidas sobre o beat. Muitas coisas escritas e muitas coisas improvisadas”, diz sobre suas composições.

Em duas faixas, Sonhos dos cria e Konteiner, percebe-se a sonoridade do trap e a letra explícita, com onomatopeias, duplo sentido, melodias mais agressivas e descrição de cenário do mundo real. Tratam-se das principais do disco, de acordo com Ret. 

A produção do álbum Lume, que sai pela Som Livre, é de Dallass, um jovem mineiro de 24 anos que acompanha Ret desde o seu quarto trabalho fonográfico.

Ret é primeiro artista do rap nacional a lançar o chamado enhanced album no Spotify. O formato propõe conteúdos extras enquanto se escuta as faixas inéditas do disco, incluindo textos, comentários e vídeos sobre a criação do projeto musical.  

O músico tem mais de 6 milhões de ouvintes mensais e cerca de 2,5 milhões de seguidores em seu perfil no Spotify. Luísa Sonsa foi a primeira artista brasileira a lançar um enhanced album na plataforma de música.  

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