Paulino Aluisio de Andrade, o Mestre Popó, em 1943, resgatou uma tradição, que chegou a ter contato muito novo, por meio de seus ancestrais. Popó nasceu em 1876, antes da abolição da escravatura, e relata-se que ele assistiu a prática do maculelê na sua forma original.
O fato é que Popó refez a manifestação ao utilizar cânticos de caboclo e de labor, com o toque dos atabaques e seus participantes com grimas (bastões) nas mãos, que se batem enquanto evoluem.
O documentário disponível no YouTube Maculelê: entre paus, grimas e cacetes (1h07min), das pesquisadoras e educadoras de dança Gabrielle Conde e Bruna Mascaro, faz um registro oral com mestres e estudiosos do tema, nas cidades de Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano, onde Mestre Popó resgatou a prática, e Salvador.
O filme tem depoimentos de Raimundo José das Neves, o Mestre Macaco, referência do maculelê, e do bisneto de Popó, que carrega a bandeira da tradição da família. Popó adequou o maculelê, que antes era realizado pelos participantes empunhando grimas, encapuzados e até com os rostos pintados.
A discussão da origem do maculelê, qual a nação africana a introduziu no Recôncavo e o seu desenvolvimento a partir de elementos de luta é rica no documentário.
Muito próximo do movimento da capoeira, o maculelê como característica de nascimento a luta, que, posteriormente, foi transformada em dança.
Trata-se de um importante registro oral, como uma espécie de atualização dessa cultura popular. As produtoras do filme foram desbravar o maculelê por meio das pessoas que conhecem e mantêm a tradição – e que também possuem profunda preocupação em preservar os fundamentos da manifestação.
O documentário foi lançado ano passado, mas é um registro relevante da história cultural do País que tem sofrido apagamento. O maculelê é ainda expressado na festa de Nossa Senhora da Purificação, em Santo Amaro, na Bahia, cujo ápice ocorre no dia 2 de fevereiro.
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