Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Documentário aborda as relações do tambor com a religião e a música

Tambores da Diáspora, que será lançado na quarta-feira 23, trata do instrumento ainda como ferramenta de comunicação no passado até a transposição de sua sonoridade

Foto: Divulgação

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O documentário Tambores da Diáspora (75 min), de João Nascimento, faz uma exposição detalhada do tambor e dos instrumentos percussivos no seu papel religioso e na música. O filme será lançado na próxima quarta-feira 23, às 19h30, no Cine Marquise – Av. Paulista, 2073, em São Paulo.

A obra aborda o uso do tambor ainda como ferramenta de comunicação no passado até a transposição de sua sonoridade para outros instrumentos, como o baixo e a guitarra.

É impossível desassociar o tambor da dança, pois é reconhecido como um evocador do movimento do corpo a partir do som produzido na sua origem secular.

A percussão corporal tem-se de forma mais próxima ao entendimento da relação com a dança quando se emite sons a partir de batidas no corpo em movimentos regulares e no ritmo. Qualquer ruído, quando ritmado, é percussivo.

O filme também realça o papel do tambor na religiosidade afro-brasileira e sua centralidade nas manifestações. Por outro lado, existe o preconceito sofrido com a percussão justamente por conta dos instrumentos estarem ligados a ritos africanos.

O tambor influenciou até o rap. A pick up, no fundo, é um tambor eletrônico com marcações graves poderosas.  


O diretor João Nascimento é o mesmo do documentário Danças Negras, lançado no circuito de cinema no ano passado e já resenhado por CartaCapital.

Tambores da Diáspora segue a linha da valorização da cultura negra e ressalta a influência do tambor nos vários campos, mesmo sem seu devido reconhecimento. É notável a sua contribuição.

O audiovisual traz representativos depoimentos, como o do luthier de atabaques Hélio Nogueira, dos mestres Dinho Nascimento e Dinho Gonçalves, dos brilhantes percussionistas Simone Sou e Marcos Suzano, do pesquisador Paulo Dias, entre outras boas declarações em torno do tema.

Cita-se que o tambor, pela grandiosa funcionalidade comunicativa e lúdica entre a população negra, teve seus tocadores perseguidos até o início do século passado. Hoje, em um momento em que se reacendem ações de apagamento da relevância da cultura negra no País, fruto de preconceito e desinformação, o documentário faz um contraponto de forma categórica.

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