O documentário Tambores da Diáspora (75 min), de João Nascimento, faz uma exposição detalhada do tambor e dos instrumentos percussivos no seu papel religioso e na música. O filme será lançado na próxima quarta-feira 23, às 19h30, no Cine Marquise – Av. Paulista, 2073, em São Paulo.
A obra aborda o uso do tambor ainda como ferramenta de comunicação no passado até a transposição de sua sonoridade para outros instrumentos, como o baixo e a guitarra.
É impossível desassociar o tambor da dança, pois é reconhecido como um evocador do movimento do corpo a partir do som produzido na sua origem secular.
A percussão corporal tem-se de forma mais próxima ao entendimento da relação com a dança quando se emite sons a partir de batidas no corpo em movimentos regulares e no ritmo. Qualquer ruído, quando ritmado, é percussivo.
O filme também realça o papel do tambor na religiosidade afro-brasileira e sua centralidade nas manifestações. Por outro lado, existe o preconceito sofrido com a percussão justamente por conta dos instrumentos estarem ligados a ritos africanos.
O tambor influenciou até o rap. A pick up, no fundo, é um tambor eletrônico com marcações graves poderosas.
O diretor João Nascimento é o mesmo do documentário Danças Negras, lançado no circuito de cinema no ano passado e já resenhado por CartaCapital.
Tambores da Diáspora segue a linha da valorização da cultura negra e ressalta a influência do tambor nos vários campos, mesmo sem seu devido reconhecimento. É notável a sua contribuição.
O audiovisual traz representativos depoimentos, como o do luthier de atabaques Hélio Nogueira, dos mestres Dinho Nascimento e Dinho Gonçalves, dos brilhantes percussionistas Simone Sou e Marcos Suzano, do pesquisador Paulo Dias, entre outras boas declarações em torno do tema.
Cita-se que o tambor, pela grandiosa funcionalidade comunicativa e lúdica entre a população negra, teve seus tocadores perseguidos até o início do século passado. Hoje, em um momento em que se reacendem ações de apagamento da relevância da cultura negra no País, fruto de preconceito e desinformação, o documentário faz um contraponto de forma categórica.
Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.
Já é assinante? Faça login