Letieres Leite, morto ano passado vítima da Covid-19 aos 61 anos, era requisitado pelos principais músicos baianos. Nascido em Salvador, o compositor, arranjador e multi-instrumentista tocou e produziu vários deles.
Foi um dos responsáveis em reunir a sonoridade afro-baiana com a música erudita e o jazz. Letieres estudou seis anos em Viena e seus passos se assemelhavam ao do pernambucano Moacir Santos (1926-2006), um dos maiores músicos brasileiros, que elevou as harmonias musicais no Brasil a outro patamar.
O último registro feito por Letieres Leite e a Orkestra Rumpilezz, criada por ele, foi justamente sobre a obra de Moacir Santos, especificamente de seu primeiro álbum instrumental, chamado Coisas (1965), considerado um dos grandes discos brasileiros de todos os tempos.
Moacir de Todos os Santos (gravadora Rocinante) é o titulo do terceiro e último álbum de Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz – os outros dois discos são de composições de Letieres. O repertório contempla sete dos nove temas do álbum Coisas de Moacir Santos.
São estas as músicas do Moacir de Todos os Santos: Coisa nº 4, com participação do Raul de Souza (trombonista falecido no ano passado); Coisa nº 8, com part. de Joander Cruz (saxofone alto); Coisa nº 9, com part. de Marcelo Martins (saxofone tenor); Coisa nº 1; Coisa nº 5 – Nanã, com part. de Caetano Veloso; Coisa nº 7 e Coisa nº 2.
O disco foi produzido pelo próprio Letieres, além de Sylvio Fraga e Pepê Monnerat. Letieres fez ainda arranjos, regência e tocou flauta. A Orkestra Rumpilezz é formada por percussionistas e instrumentistas de sopro. O álbum Moacir de Todos os Santos é mais um trabalho memorável deixado pelo maestro Letieres Leite.
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