Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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Deo Lopes reúne cantigas em disco intuitivo

O registro recém-lançado foi feito em parceria com o arranjador e violonista de referências regionais Victor Mendes

Foto: André Yamamoto/Divulgação
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O encontro do cancioneiro Deo Lopes com o violonista e arranjador Victor Mendes resultou no álbum Concerto Sentido, com 12 faixas, 11 delas inéditas. Uma das canções ainda teve a participação de Ronaldo Rayol.

Quando integrava o grupo Trem da Viração, com quem lançou três álbuns, Lopes fez muitos sambas e catiras, gêneros mais dançantes para as apresentações da banda. Neste novo trabalho, ele se volta às cantigas, marca de sua carreira solo que tem seis discos, com alguma sonoridade folk, influência que recebeu nos anos 1970 ouvindo artistas como Tom Waits e James Taylor. 

“O trabalho tem muito de regional, mas não é caipira, fala do lugar e sentimentos de onde estou”, resume em conversa com CartaCapital.

Nascido em Santo Antônio da Alegria, Lopes saiu com um ano de idade de lá ao ir para Altinópolis, Batatais e Franca, todos no interior de São Paulo. Foi para a capital paulista em 1973 trabalhar como torneiro mecânico e depois contabilista.

Por volta de 1980, começou a frequentar o movimento de vanguarda do Lira Paulistana, quando teve contato com a música urbana e fez seu primeiro show.  

Na mesma época, passou também a frequentar o bar de Saulo Laranjeira e seus irmãos na Alameda Santos, o Fulô da Laranjeira. No espaço, conheceu a fundo a música regional, tendo contato com músicos como Décio Marques, Xangai, Diana Pequeno, Elomar e Vidal França. Fez show por lá também – ou concerto, como prefere dizer, termo adotado por Elomar nas suas apresentações musicais.

A partir daí, o artista passou a viver de música, embora de vez em quando tivesse que fazer bico de serviços gerais quando a situação apertava. Deo Lopes mora hoje em São José dos Campos, para onde se mudou há algumas décadas. 

Victor Mendes tem sido seu companheiro na jornada atual, a quem tece vários elogios. “Uma amizade de guardião”, diz. Sobre o fato de continuar cantando, afirma que “a música salva e é de muita grandeza”.

Mendes teve seu primeiro registro fonográfico lançado com o grupo Trio José, em 2014, sobre a obra do poeta mineiro Juca da Angélica. Em 2017, lançou seu primeiro trabalho solo, Nossa Ciranda.

Mendes conta que viu Deo Lopes pela primeira vez  no grupo Trem da Viração. Depois, um começou a participar do trabalho do outro e a amizade se fortaleceu.

“Mas o que me marcou foi quando conheci  a obra completa do Deo, os discos que ele gravou antes do Trem, e quando fui assistir uma apresentação dele com seu repertório solo. Fiquei impressionado com a beleza das canções e com a performance, sempre com muita verdade no que faz”, diz.

O álbum Concerto Sentido, de Deo Lopes e Victor Mendes, tem distribuição nas plataformas digitais e em formato físico pela produtora e gravadora Kuarup. Os músicos que tocam no disco são Pedro Macedo (baixo) e Mariana Corado (violino), e conta com as participações de Thadeu Romano (acordeon), Zé Helder (viola), Ricardo Vignini (lap steel) e Beto Quadros (bandolim).

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