Augusto Diniz | Música brasileira
Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.
Augusto Diniz | Música brasileira
Danilo Miranda chamou a atenção da elite para a riqueza cultural do Brasil
Ministro da cultura informal, o ex-diretor do Sesc saiu do campo das ideias e pôs em prática uma política para o setor


Morreu neste domingo 29 Danilo Santos Miranda, aos 80 anos, de causa não informada. Foi diretor do Sesc São Paulo desde 1984, expandindo e tornando a instituição uma referência na exposição da diversidade cultural do País.
O Serviço Social do Comércio foi criado por empresários para proporcionar aos trabalhadores do setor atividades diversas a preços bastante acessíveis ou gratuitas.
O sociólogo e ex-seminarista deu uma reviravolta no sistema em São Paulo quando levou para dentro das unidades do Sesc toda a diversidade cultural do País, a partir de uma curadoria incansável para difundir o amplo espectro das artes nos palcos.
Foi capaz, por todo esse tempo, de se equilibrar entre os interesses empresariais e a pluralidade cultural, em um país que tende a se entregar aos modismos da indústria de massificação. Foi quase um soldado na defesa da cultura alijada da mídia.
Com essa postura, aliada a uma incansável ideia de ampliar a atuação pelo estado de São Paulo, foi ganhando espaço e respeito, tanto da elite quanto do setor cultural, de gestores a artistas – destes ganhou proximidade e por eles era admirado.
No material do Sesc, costumava assinar textos sobre a importância da realização dos projetos, algo que mostrava o seu comprometimento de levar adiante uma política cultural não alinhada à indústria do entretenimento.
A sua ideia – colocada em prática – foi copiada por gestores Brasil afora. Danilo Miranda também foi um crítico – ao seu modo bem civilizado e nas entrelinhas – dos tempos sombrios de Bolsonaro – este, um adepto do desmonte das instituições culturais vigentes.
Rompendo a lógica, Danilo Miranda acabou por convencer a elite de que o Sesc poderia assumir sem ônus a função de Ministério da Cultura informal. Deu certo!
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