Augusto Diniz | Música brasileira
Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.
Augusto Diniz | Música brasileira
Curumin lança seu 5º álbum, com experiências sonoras diversas e intuitivas
O novo trabalho conta com várias participações e sintetiza as buscas do artista em 20 anos de carreira


O disco Boca (2017), de Luciano Nakata Albuquerque, conhecido no meio musical como Curumin, foi indicado ao Grammy Latino e recebeu o prêmio da APCA de melhor álbum. Sete anos depois, o cantor, compositor, produtor musical e multi-instrumentista lança um novo trabalho, chamado Pedra de Selva.
“É a consolidação de uma coisa que venho buscando desde o primeiro álbum, que é tentar achar uma síntese da música brasileira”, diz a CartaCapital o músico, que completa duas décadas de carreira.
Como baterista, ele acompanhou grandes nomes da MPB, como Vanessa da Matta, Criolo, Céu, Antônio Carlos e Jocafi, e Arnaldo Antunes (que ainda acompanha). “Brinco que fiz pós-graduações em música com artistas com que trabalhei”, diz. “Antonio Carlos e Jocafi sempre escutei, sempre adorei, mas quando fui trabalhar com eles aprendi outra dimensão do trabalho.”
O álbum Pedra de Selva conta com várias participações, incluindo as de Nellê, François Muleka, Ava Rocha, Funk Buia, Iara Rennó, Josyanne, Lívia Nery, Jéssica Caetano e Rimon Guimarães.
“São pessoas que conheço bem, com que trabalho faz bastante tempo. Posso dizer que em um certo momento do processo as músicas chamaram essas pessoas. As músicas tinham a ver com essa demanda.”
O novo trabalho do artista, com 17 faixas, coloca guitarra, bateria, percussão, teclados e baixo ao lado de sintetizados, programações e coro. “A música, para mim, está menos no pensar e mais em uma coisa intuitiva. Gosto muito de escutar as músicas com maior relação com a raiz brasileira. Não é muito do entender, é mais do saber navegar nesse mar.”
O trabalho começou a ser gestado na pandemia, época em que Curumin lançou o ótimo single Púrpuras, abordado em CartaCapital.
“Foi um momento de ruptura, em que a gente estava desmoronando uma coisa e repensando como construir outra. Hoje, a reconstrução não foi bem do jeito que a gente pensou”, avalia. “A gente questionou o sistema, a indústria e, depois de tudo, ela parece que se acirrou no sentido capitalista. Na indústria da música, aumentaram as desigualdades. Tem gente que ganhou dinheiro brutal e o resto se lascou para tentar sobreviver.”
Assista à entrevista de Curumin a CartaCapital:
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