Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Como Moraes Moreira ajudou a popularizar o frevo no Carnaval, segundo Davi Moraes

Filho do inesquecível cantor e compositor lança projeto com o lado ‘frevista’ do baiano

Foto: Divulgação

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Davi Moraes se lembra de ir com o pai aos ensaios dos blocos afros em Salvador quando nem sabia manusear um instrumento musical. Tempos depois, seguiu a carreira de Moraes Moreira e passou a subir nos trios elétricos para tocar guitarra e cantar no Carnaval.

Com a morte de Moreira, em 2020, tornou-se ainda mais relevante levar às pessoas o legado do pai, que deixou uma grandiosa obra, muito executada no Carnaval, devido aos seus frevos.

“O frevo, assim como o trio elétrico, teve seu começo com música instrumental. Meu pai sempre teve admiração pela música instrumental brasileira”, conta Davi. “Meu pai passou a conhecer as grandes composições de Osmar Macedo, pai do Armandinho e um dos inventores do trio elétrico junto com Dodô, e eles foram influenciados por uma banda de frevo que foi tocar lá em Salvador.”

Seu pai, então, começou a inserir letras nas músicas de Osmar, que era um grande melodista. A primeira delas foi logo Pombo Correio, que virou um sucesso nacional. “Um clássico, com todas as características do frevo”, diz Davi.

“Depois ele fez seus próprios frevos. E essa se tornou uma das vertentes mais fortes durante toda a sua carreira.”

O guitarrista destaca que, por meio dessa história com o trio elétrico e o Carnaval, Moraes se tornou um “frevista” respeitado em Salvador e no Recife.


Moraes Moreira foi nomeado cidadão do frevo em Pernambuco e ajudou a popularizar o gênero com várias músicas que viraram sucesso no País, ressalta Davi.

O filho ficou muito amigo do produtor e baterista Pupillo. Eles viajaram juntos durante dois anos na última turnê de Marisa Monte como músicos da cantora.

Em uma conversa sobre Moraes Moreira, tiveram a ideia de fazer o registro de seus frevos com a escola típica de Pernambuco, algo que o baiano não chegou a experimentar, mesmo com todo o sucesso no gênero.

Dessa proposta saiu o álbum Moraes é Frevo, com 10 faixas. Entraram no disco, entre outras, Festa do Interior (Moraes e Abel Silva), Coisa Acesa (Moraes e Fausto Nilo), Pombo Correio (Moraes e Armandinho, Dodô e Osmar), Todo Mundo Quer (só de Moraes) e Vassourinha Elétrica – esta música de Moraes tem como referência sonora o clássico frevo Vassourinhas, de Matias da Rocha e Joana Batista Ramos.

Foram ainda inseridas músicas que não são originalmente frevos, mas que foram adaptadas para o gênero, como Sintonia (Moraes, Fred Góes e Zeca Barreto) e Preta Pretinha (Moraes e Luiz Galvão). Completam o disco Pernambuco Meu (Moraes e Paulo Leminski), Eu Sou o Carnaval (Moraes e Antonio Risério) e Guitarra Baiana.

O álbum Moraes é Frevo (Muzak Music) foi feito em três camadas. Na primeira, Davi (guitarra), Pupillo (bateria) e Kassin (baixo) gravaram juntos as bases. Em seguida, entraram os arranjos de sopros feitos pelos maestros pernambucanos Duda, Nilsinho Amarante, Spok e Henrique Albino, com a execução da Orquestra Frevo do Mundo.

Por fim, foram gravadas as participações: Lenine, Maria Rita, Criolo, Agnes Nunes, Otto, Céu, Moreno Veloso, Uana e Luiz Caldas. Ao lado de Davi e Pupillo, Marcelo Soares concebeu o disco.

Neste Carnaval, Davi Moraes coloca seu bloco nas ruas de Salvador, seguindo a tradição do pai e empunhando seu legado com o “Moraes Carnaval Moreira com Davi Moraes e Convidados”.

A programação de apresentações é a seguinte, além de uma já realizada no sábado 10: domingo 11, no palco do Rio Vermelho; segunda 12, na praça Castro Alves (onde Moraes Moreira mais gostava de tocar, recorda Davi); e terça 13 no Campo Grande.

Assista à entrevista de Davi Moraes a CartaCapital:

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