Augusto Diniz | Música brasileira
Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.
Augusto Diniz | Música brasileira
Com poesia solar e arranjos impecáveis, Junio Barreto lança um primoroso disco
O cantor e compositor faz um show de lançamento do álbum ‘O Sol e o Sal do Suor’ nesta sexta 14, no Sesc Vila Mariana, na capital paulista


Poesias solares, melodias elevadas e arranjos impecáveis, dançantes e, acima de tudo, contemporâneos: o disco autoral O Sol e o Sal do Suor, de Junio Barreto, traz tudo isso, de forma plena e irreparável.
Trata-se de um dos melhores álbuns lançados neste ano, autêntico e longe das repetições sonoras que se tornaram praxe no mercado pela facilidade de registrar e lançar canções.
“Esse disco é mais universal. Eu acabo deixando de falar sobre ele, ela, dele, dela, e coloco essa questão de gênero de maneira mais ampla, possibilitando dar mais voz a quem escuta, e tirando um pouco do eu masculino, do sofrimento e da dor. Deixo isso para lá”, explica o autor a CartaCapital.
“É um disco mais dançante, em que pensei em celebrar a vida, depois de sairmos de momentos difíceis”, complementa o cantor e compositor pernambucano, que levou 13 anos para lançar o seu terceiro trabalho solo – o primeiro é de 2004 e leva seu nome, enquanto o outro se chama Setembro (2011).
Estrela do Norte, a sexta faixa do disco, expressa a qualidade sonora do álbum e é uma das melhores canções do ano. Em uma poesia curta, Junio Barreto faz uma celebração ligando asteriscos que são estrelas e a “revolução do sol”, avisando que mais um dia recomeça na nossa vida.
“Estamos aqui na terra. A cada revolução, a cada aniversário a gente se encontra. Foi uma canção que fiz para dançar, de uma maneira de celebrar a vida.”
A canção Estrela do Norte, nos dois minutos finais, é composta por um belo instrumental. A sonoridade da música é inebriante, com uma poesia para festejar.
A banda nessa faixa ajudou bastante no resultado: Rovilson Pascoal (guitarra e synths) – produziu o disco ao lado de Marcus Preto -; Entropia (programação, synths e percussão); Pupillo (bateria); Pedro Dantas (baixo); Marcelo Monteiro (sax barítono, sax tenor e flauta) e Amílcar Rodrigues (trompete e euphonium).
Alguns deles tocaram em diferentes faixas do disco, assim como aparecem novos nomes fazendo som nas outras músicas do trabalho, como Mestre Nico (percussões), Thomas Harres (batidas eletrônicas e programações), Chicão (piano), Gui Calzavara (trompete), Michelle Abu (bateria e percussões), Samuel Fraga (bateria e programação) e Marcelo Cabral (sintetizador).
Como se vê, além dos instrumentos tradicionais, há sintetizadores e programações. “Adoro a música eletrônica”, resume Junio Barreto, que tem músicas gravadas por nomes como Gal Costa, Maria Rita, Céu, Nação Zumbi, Lenine, Roberta Sá, Otto e Alaíde Costa.
As três primeiras faixas, Vida, Vida, Vida, Vida, Nordeste Oriental e Ata-me, têm toque irresistível do baião. Mamãe Quer Meu Amor é uma canção à sua mãe. A próxima, Coração Preto, é a única não assinada por Junio Barreto, e foi composta por Beto Viana e Nana Carneiro da Cunha.
A sexta música é Estrela do Norte, já citada, seguida das também dançantes Só no Amor Existimos, Tú Deixa de ser isso Não e Feixes. O disco encerra com a calma Concórdia do Coração.
Ele conta que optou por fazer poesias mais enxutas para o disco: “Visa mais fácil entendimento, que pudesse ter um alcance maior”. Junio diz, assim, atender o imediatismo da música atual. A demora de fazer um novo disco, segundo ele, estaria justamente na ideia de buscar algo mais assertivo na música de hoje. E deu muito certo.
O show de lançamento do disco acontece nesta sexta-feira 14, no Sesc Vila Mariana, na capital paulista – mais detalhes no site do Sesc.
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