Augusto Diniz | Música brasileira
Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.
Augusto Diniz | Música brasileira
Chico Lobo lança disco ao vivo com destaque à viola, à rabeca e à riqueza do cancioneiro
O violeiro apresenta em um bonito álbum clássicos caipiras, músicas de seu repertório e cantos inspirados na cultura popular
No álbum Chico Lobo & Banda Ao Vivo Na Estrada (Kuarup), o violeiro de São João Del Rei (MG) faz um ótimo percurso musical pelo cancioneiro fincado nas raízes interioranas. O trabalho afirma a música autêntica do universo que tem o violão de 10 cordas como elemento principal.
Entre clássicos da música caipira, canções de seu repertório e cantos inspirados na cultura popular, o cantor e compositor Chico Lobo apresenta seu 34° álbum como uma espécie de devoção à música de viola.
O show foi gravado em 2023, quando o artista completou 60 anos, em um show ao vivo para um seleto público de 80 pessoas na Casa Outono, em Belo Horizonte (MG).
No palco, além de Chico Lobo na viola, há Marcelo Fonseca no violino com som de rabeca, Ricardo Gomes no baixo (também produção musical) e Léo Pires na bateria. Também consta da gravação um iluminado encontro da viola com o violino, dando uma atmosfera instrumental que ressalta a riqueza musical interiorana.
O álbum ao vivo começa com a canção A Palavra Feito Punhal sendo falada e ponteada pela viola. Na sequência, entra a instrumental Toque de Feira. As duas canções de Chico Lobo. Depois, a cantiga Canta Mais Eu.
Vêm a seguir a clássica música caipira Rio de Lágrimas (Lourival dos Santos, Tião Carreiro e Piraci), em nova versão, e Zóio Preto Matador.
Mais um clássico, Disparada (Geraldo Vandré e Théo de Barros), uma exaltação ao sertão, seguida pela moda No Dia Que Eu Morri e pela releitura de um clássico da viola: Tocando Em Frente (Renato Teixeira e Almir Sater).
Em seguida, a canção de esperança de Chico Lobo, O Tempo É Seu Irmão. Na sequência, Bandeira da Paz (Chico Lobo e Dom Vicente Ferreira), revivendo a folia de reis, que tanto o autor do álbum conhece, Cantigas de Boi, Chapadão da Onça e No Braço Dessa Viola, remetendo à riqueza das tradições mineiras.
A penúltima faixa é Maria, moda de viola de Chico Lobo gravada por Maria Bethânia. Encerrando o álbum, Canto de Despedida, outra adaptação da cultura popular.
Chico Lobo é cantador, repentista e violeiro no álbum. Um trabalho de resistência viva da canção que ainda brilha no Brasil profundo. O disco é uma boa audição da autêntica música caipira.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também
Após elogios no exterior, Delia Fischer lança um disco gravado em inglês
Por Augusto Diniz
Livro propõe a discussão do folclore a partir da performance participativa
Por Augusto Diniz
Sob o segundo sol
Por Augusto Diniz



