Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Augusto Diniz | Música brasileira

Charles Gavin: Papel da arte é a crítica, independente de quem está no poder

O ex-Titãs reúne um time tarimbado de músicos para revisitar inesquecíveis álbuns acústicos

Charles Gavin. Foto: Ana Paula Amorim
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Depois de dois anos de pandemia, Charles Gavin sentiu a necessidade de fazer algo que trouxesse leveza e alegria. Ele então procurou Luiz Brasil, guitarrista, produtor e arranjador, para propor um projeto que reviveria álbuns acústicos que atingiram o auge na década de 1990.

“Foram anos muito duros que tivemos a chance de refletir sobre nossas vidas, questões individuais e coletivas”, diz Gavin, que foi baterista por 25 anos dos Titãs e também é produtor, pesquisador e apresentador do programa de música O Som do Vinil, no Canal Brasil. “Chegou a hora de relaxar um pouco. E, dentro da nossa área, o projeto que converge é a época dos (discos) acústicos”.

Os registros, conta o músico, deram certo pela atmosfera e apresentação. Chegou-se à conclusão de que um grupo com sete pessoas poderia reproduzir a sonoridade dos projetos acústicos.

Assim, além de Gavin e Luiz Brasil (que ficou responsável também pelos arranjos), formaram a banda Drenna (vocalista), Cris Caffarelli (teclados, violão e vocais), Daniela Spielmann (sopros), Pedro Coelho (baixo e vocais) e Felipe Ventura (violino, guitarra e violão). O grupo foi batizado como Sete Cabeças e o projeto ganhou o nome de Revisitando Acústicos

No próximo dia 24, a banda sobe ao palco do Manouche, que fica na Rua Jardim Botânico, 983, no Jardim Botânico, Rio de Janeiro. O repertório da primeira série do projeto conta com os álbuns acústicos dos Titãs (1997) e de Rita Lee (1998). 

A escolha não foi por acaso. Os Titãs participaram do acústico de Rita Lee e a cantora gravou uma música no estúdio para o acústico dos Titãs. 

Além da pandemia, o momento político também fez de Gavin um ser mais reflexivo. O músico acredita que a sociedade brasileira ainda não contempla a produção cultural do País da forma que deveria. 

“Por que não é só sobre arte. É sobre economia criativa. Sobre chances de trabalho pra muitas pessoas”, afirma. “Alguns governos entenderam melhor a relevância da cultura brasileira, a produção cultural como economia criativa. Outros governos foram absolutamente contra”. 

Para ele, o governo ainda no poder “fez de tudo para atrapalhar e destruir a produção cultural brasileira porque sabe que somos críticos a sociedade como um todo, independentemente de quem está no poder”. 

Gavin avalia que a atual gestão não convive com a crítica e quem não estiver alinhado às suas ideias é considerado inimigo. “Por isso nós da cultura fomos considerados inimigos”, diz. “O músico é resiliente. Ele sabe que não vai ser fácil. Mas ninguém achou que chegaria ao que chegou”.

Agora, no próximo governo, ele espera que se recupere o Ministério da Cultura e se instale políticas culturais nas diversas camadas sociais e regionais no País. 

Assista a íntegra:

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