Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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Boogarins, a banda psicodélica que sobreviveu aos anos mais conturbados da história recente

O vocalista Dinho Almeida relata como o grupo passou por momentos como os protestos de 2013 e a pandemia – e agora lança seu quinto álbum

Boogarins, a banda psicodélica que sobreviveu aos anos mais conturbados da história recente
Boogarins, a banda psicodélica que sobreviveu aos anos mais conturbados da história recente
Foto: Gabriel Rolim
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O entusiasmo global pelo Brasil no início da década passada ajudou a impulsionar o trabalho dos Boogarins. Entre 2010 e 2012, quando a banda gravava, ainda de forma caseira, seu primeiro álbum, o País “era o queridinho do mundo”, relembra Dinho Almeida, vocalista e guitarrista da banda. Não era apenas o som neopsicodélico que chamava atenção, mas também o fato de o Brasil estar em evidência.

Para a banda, que emergiu na cena de rock independente de Goiânia (GO) — uma cidade mais associada ao sertanejo —, o momento era promissor. “A gente viveu a democratização dos festivais. Foi um período de muita atividade cultural”, completa.

O Boogarins lançou em 2013 seu primeiro álbum, As Plantas que Curam, enquanto eclodiam as Jornadas de Junho. Dali em diante, o impeachment de Dilma Rousseff, os ataques à cultura no governo Bolsonaro e a pandemia impuseram novos desafios. Muitas bandas da mesma geração não resistiram, mas o Boogarins conseguiu transformar as turnês internacionais em oportunidades. “Fomos sobreviventes de todos esses momentos.”

Após o álbum de estreia, lançaram Manual (2015), Lá vem a Morte (2017) e Sombrou Dúvida (2019), todos gravados no exterior. Agora, apresentam Bacuri, o primeiro álbum gravado no Brasil desde o trabalho de estreia.

“Esse disco reflete nosso amadurecimento. Mostra que ainda somos psicodélicos, que fazemos rock”, explica Dinho. O novo trabalho também reflete a paternidade recente de Dinho e Benke. Não por acaso, o título Bacuri remete ao fruto amazônico e do Cerrado, mas também é usado como sinônimo de criança.

“O álbum representa nossa vida pós-pandemia. Paramos de ser os garotos que viajavam o tempo todo. Hoje, temos casa, famílias, novas responsabilidades”, comenta Dinho, que define o novo disco como um retorno às “temáticas e ideias mais solares” dos primeiros álbuns.

Além de Dinho e Benke, a banda é composta por Raphael Vaz (baixo, moog e voz) e Ynaiã Benthroldo (bateria e voz). Recentemente, eles têm revisitado o clássico Clube da Esquina (1972) em seus shows. “É um exercício de linguagem perfeito e influenciou muito a gente”, afirma Dinho.

Produzido pela banda e pela engenheira de áudio Alejandra Luciani, Bacuri mostra uma sonoridade amadurecida e letras que exploram o psicodélico como alívio em tempos brutos e monotemáticos. Forte e criativa, a trajetória da Boogarins é um exemplo de resiliência na sofrida cena cultural brasileira recente.

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