Augusto Diniz | Música brasileira
Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.
Augusto Diniz | Música brasileira
As paródias musicais de Edu Krieger: ‘Escancaramos o comportamento patético’
As versões têm milhões de acessos nas redes sociais. Ele e a esposa Natália Voss levam o projeto ao palco e começam a rodar o País


Edu Krieger tem uma notável veia musical, com canções gravadas por Maria Rita, Ana Carolina, Roberta Sá, Maria Gadú, Teresa Cristina e Fagner, entre outros. Seus parceiros de composição incluem Geraldo Azevedo e Fernando Brant. Também foi baixista de artistas como Belchior, Ednardo, Zé Ramalho e Elba Ramalho.
Ele lançou dois álbuns solo: um em 2006, que leva o seu nome, e Correnteza (2009). Filho do maestro Edino Krieger, também é há quase uma década roteirista de quadros de humor e entretenimento da TV Globo. Nos últimos anos, contudo, tem se destacado nas redes sociais com versões bem-humoradas de músicas.
“Eu chamo de crônicas musicais através do que vemos no noticiário. Temos as ideias e as transformamos em um deboche musical. Material não falta, infelizmente”, afirmou, em entrevista a CartaCapital. Trata-se, de acordo com ele, “de escancarar o quão patético são certos comportamentos, posturas e argumentações”.
Edu se considera um filho dos festivais da canção dos anos 1960 e seguiu essa linha até meados da década passada, momento em que a paródia já era uma ferramenta do humor nos programas de televisão. “Quando veio a pandemia, intensifiquei minha produção, mas nas redes sociais”, relembra.
Inicialmente, era o único responsável pelos vídeos de paródias, mas certa vez precisou de uma voz feminina e chamou a esposa, Natalia Voss. A primeira gravação em parceria deu muito certo e se transformou em um dos sucessos de audiência. “Viram um casal engajado, que compactua e conjuga da mesma ideologia. A presença dela fortaleceu o trabalho.”
Edu Krieger entende que sua trajetória como letrista e roteirista ajudou consideravelmente em suas versões. A paródia, ressalta, não é a substituição de uma letra original por outra, mas um diálogo, uma vez que a nova letra tem de estar no inconsciente do ouviente.
“Se você se distancia das rimas, das estruturas, da linguagem e da versão original, não surte o efeito”, resume. “O original está sempre pairando na mente do ouvinte, para que haja comparação com a letra nova e o efeito surja em forma de humor.”
Edu Krieger e Natalia Voss resolveram também apresentar o projeto de forma presencial. O espetáculo Versos e Versões – A Vida em Paródias ganhou corpo e agora começa para valer: em 5 e 6 de julho, a dupla subirá ao palco em São Paulo, no Clube Barbixas da Comédia, e em 19 de julho se apresentará no Biblioteca Parque Estadual, no Rio de Janeiro, durante o Comedy Com. Depois, seguirá Brasil afora.
Os shows não tratam apenas de política, mas de temas como a vida de um casal, o trabalho remoto, o negacionismo, a homofobia, o machismo, o racismo e o cancelamento nas redes sociais.
Nos espetáculos, acompanham a dupla o tecladista Daniel Bessa e a percussionista Camila Voss, primo e irmã de Natalia, respectivamente.
“É um trabalho em que, por ser de paródia e humor, cada show é diferente. Tem paródia nova, tem música diferente, tem assunto novo”, sitentiza Edu Krieger, que pretende se entregar a essa tarefa por muitos anos.
Assista à entrevista:
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