Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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Aos 77 anos, Cátia de França esbanja vitalidade em um dos melhores discos do ano

Vibrante, ‘No Rastro de Catarina’ traz letras incisivas e uma sonoridade pop enriquecida com toques regionais

Aos 77 anos, Cátia de França esbanja vitalidade em um dos melhores discos do ano
Aos 77 anos, Cátia de França esbanja vitalidade em um dos melhores discos do ano
Cátia de França. Foto: Murilo Alvesso
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Não espere ouvir uma senhora com seu violão tocando canções em um sarau. Aos 77 anos, a violonista Cátia de França, vai para cima no novo álbum, No Rastro de Catarina.

Em 12 faixas, o disco mostra uma cantora cheia de vitalidade, com letras incisivas e uma sonoridade pop enriquecida por intromissões regionais.

Cátia de França canta quase falando, revelando autenticidade na forma que conduz a voz e o ritmo.

Fênix, a primeira faixa, traz o retrato dela própria, do renascimento à vitória. Depois, Negritude, também composta apenas por ela, é uma ode às suas origens.

A terceira faixa, O Espelho de Oxalá, mantém o tom de luta: “Cada mulher que se impõe, liberta”.

Na sequências, duas faixas ecoam o rock. Em Resposta une o lirismo de Socorro Lira à melodia de Cátia. Já Academias e Lanchonetes expõe sensações perturbadoras: “Não será sedução, apenas depressão.”

Depois, Bósnia, composta na época do sangrento conflito, expõe toda a consciência da cantora e compositora sobre o que nos aflige, naquela época e agora.

Malakuyawa, a sétima faixa, é uma análise ao seu estilo composicional – direto como dos cantadores – sobre a velhice. Em Eu, um poema da portuguesa Florbela Espanca mostra as referências literárias da artista.

A nona faixa, Veias Abertas, é uma canção sentimental. Segue-se Indecisão, um poema que Cátia de França compôs na adolescência sobre uma paixão não correspondida. Meu Pensamento II, a penúltima música, é uma composição romântica da autora do disco. O álbum se encerra com Conversando com o Rio (Cátia de França), uma faixa de contemplação profunda.

No Rastro de Catarina é um disco marcante, de uma artista nada convencional. Devido ao seu vigor, está entre os melhores do ano.

A banda do álbum é formada por Cristiano Oliveira (viola, violão e violão de aço), Marcelo Macêdo (guitarra e violão de aço), Elma Virgínia (baixo acústico, baixo elétrico e fretless), Beto Preah (bateria e percussões) e Chico Correa (sintetizadores e samplers), que também assina a produção musical ao lado de Marcelo Macêdo. Participam ainda Gláucia Lima no vocal, Dina Faria na direção artística e Felipe Tichauer na masterização.

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