Augusto Diniz | Música brasileira
Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.
Augusto Diniz | Música brasileira
Antes de ‘Clara Crocodilo’, Arrigo Barnabé já fazia um show perfeito sobre o clássico disco
É o que revela uma gravação de 1980 com repertório do extraordinário álbum lançado cinco meses depois


Clara Crocodilo é um emblemático álbum da música brasileira, lançado em novembro de 1980. Cinco meses antes, Arrigo Barnabé, com a sua banda Sabor de Veneno, apresentou no Sesc Consolação, em São Paulo, um repertório que depois integraria o clássico disco.
A gravação desse show, 45 anos depois, vem a público na série Relicário, do Selo Sesc, com o nome de Arrigo Barnabé & Banda Sabor de Veneno (Ao vivo no Sesc 1980). Das oito faixas, somente a primeira não integrou Clara Crocodilo — trata-se da música Lástima. No disco,a abertura fica por conta de Acapulco Drive-in.
A fluência sonora do registro ao vivo não difere muito daquela de Clara Crocodilo, revelando que Arrigo Barnabé já tinha muito bem ensaiado o seu antológico álbum.
Há, porém, um fator importante: o show dessa gravação tinha 12 músicos no palco. Ou seja, era uma banda de peso, que conseguiu antecipar o que se concretizaria no disco de forma magistral.
É a gravação de um show incrível, com as partes instrumentais, o canto falado de Arrigo Barnabé, as intervenções do coro feminino e os ritmos tensionais, dramáticos, irônicos e experimentais com elementos radiofônicos e teatrais.
As faixas do álbum são: Lástima (Arrigo Barnabé), Sabor de Veneno (Arrigo Barnabé), Diversões Eletrônicas (Arrigo Barnabé e Regina Porto), Infortúnio (Arrigo Barnabé) Orgasmo Total (Arrigo Barnabé), Instante (Arrigo Barnabé), Office-boy (Arrigo Barnabé) e Clara Crocodilo (Arrigo Barnabé e Mário Lúcio Cortes).
Os músicos da gravação são: Arrigo Barnabé (voz e piano acústico), Bozo Barretti (sintetizador e teclados), Chico Guedes (saxofone tenor), Felix Wagner (clarinete contralto), Gilson Gibson (guitarra), Mané Silveira (saxofone soprano), Paulo Barnabé (bateria), Regina Porto (piano fender), Rogério Benatti (percussão), Tavinho Fialho (contrabaixo elétrico), Ubaldo Versolato (saxofone alto), Suzana Salles (voz) e Vânia Bastos (voz).
Trata-se, em suma, de uma relíquia pré-Clara Crocodilo, algo revigorante em meio a tantos discos ao vivo lançados atualmente sem qualquer potência musical.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Em constante desconstrução musical, Kiko Dinucci diz focar mais no som que na canção
Por Augusto Diniz
Após polêmica, Ira! faz show memorável em São Paulo com gritos de ‘sem anistia’
Por Augusto Diniz
Minissérie mostra a resistente devoção à congada e ao moçambique em São Paulo; saiba como assistir
Por Augusto Diniz