Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Augusto Diniz | Música brasileira

Ana Cañas faz registro profundo de Belchior: ‘Está vivo no coração do Brasil’

Cantora grava obra do compositor e torna-se principal intérprete de suas canções na atualidade

Foto: Divulgação
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Ana Cañas cantava eventualmente em seus shows uma canção de Belchior. No início da pandemia, resolveu dedicar uma live às musicas do compositor. O projeto rendeu um disco lançado em 2021 e shows pelo país com o repertório do cearense de Sobral. 

Foram mais de 100 apresentações, de praças de pequenas cidades a teatros granfinos das capitais – aliás, em 2022, o projeto levou o prêmio de “Melhor Show do Ano” pela APCA. No meio do ano passado gravou um DVD ao Vivo Ana Cañas canta Belchior com 17 canções em um registro visceral, intenso e emocionado da obra do compositor.

O trabalho audiovisual agora está disponível nas plataformas digitais e expressa o quanto a cantora se entregou à obra de Belchior – e, por certo, ela é hoje a principal intérprete do compositor. 

Há, inclusive, uma canção inédita chamada Um Rolê no Céu, de Belchior com o também cearense Graco, composta em 1987 e entregue a Ana pelos dois filhos do músico com Ângela, com quem foi casado por cerca de 30 anos.

“Fiz um arranjo mais de Mutantes. A música exige algo mais etério, cósmico, um passeio pelas estrelas. A música é um tanto idiossincrática, num lugar diferente do que a gente está acostumada a ouvir do Belchior”, conta. “A canção pega mais esse caminho do amor, da paixão. Classifico-a como uma balada apaixonada de Belchior, como sempre não prosaica”.

O DVD conta com as seguintes canções, pela ordem: Na Hora do Almoço, Apenas um Rapaz Latino-Americano, Velha Roupa Colorida, A Palo Seco, Um Rolê no Céu, Comentário a Respeito de John, Divina Comédia Humana, Monólogo das Grandezas do Brasil, Antes do Fim (com participação de Rael), Sujeito de Sorte, Medo de Avião, Coração Selvagem, Paralelas (com participação de Ney Matogrosso), Fotografia 3×4, Alucinação, Galos, Noites e Quintais e Como Nossos Pais

Desde que se envolveu com as músicas de Belchior, a artista se aprofundou na obra e nos enigmas do compositor morto em 2017. Cañas acha que encontrou sua missão na música como intérprete com o projeto em torno do cearense. 

“Existe uma tradição na música brasileira do encontro de vozes femininas com grandes compositores masculinos”, diz. “Mas a pedra filosofal é o repertório dele. Não tem um show que eu não chore. O amor que sinto por ele é real, para além da identificação musical. Tenho uma admiração muito forte, pelo ser humano, pela simplicidade”.

Neste ano, a cantora continuará a levar pelo país o show em tributo a Belchior. “Ele está muito vivo no coração do Brasil. Belchior ainda é preterido. Cantando Belchior sinto que ele faz parte do panteão da música brasileira”, afirma.

Ana Cañas pensa em novo projeto como intérprete, desta vez com a obra de Nando Reis, compositor que admira e vê similaridades com Belchior. 

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