Nos dias 17 e 18 de janeiro deste ano, Elza Soares reuniu um pequeno público, escolhido a dedo por ela, no grandioso Theatro Municipal de São Paulo, para dois shows. A cantora veio a falecer no dia 20 daquele mês.
A apresentação foi lançada dias atrás em formato de álbum – o registro audiovisual ainda será lançado. O projeto segue a linha da última fase da carreira de Elza.
Em A Mulher do Fim do Mundo (2015), quando a cantora deu, mais uma vez, reviravolta na sua carreira, as músicas sob sua interpretação ganharam modernidade, batida eletrônica e algumas referências da música contemporânea urbana, sem largar o ritmo do samba que marca seu trabalho. Deus é Mulher (2018) e Planeta Fome (2019) também seguiram essa linha.
Elza Ao Vivo no Municipal tem 15 faixas. A primeira Meu Guri (Chico Buarque) tem clipe e é a única que difere das outras, com acompanhamento apenas de piano.
O álbum é mais temático do que retrospectivo. O repertório é de canções já registradas por Elza Soares que têm muito a dizer – e merecem ser sempre repetidas. É uma sucessão de tapas na cara sobre o mundo real e papo-reto, numa voz ainda potente (incrível, aos 91 anos, como ainda cantava).
As pedradas do disco, além de Meu Guri, são: Dura na Queda (Chico Buarque), O Morro (Ivone Lara e Mauro Duarte), Lata d’Água (Jota Junior e Luiz Antônio), Comportamento Geral (Gonzaguinha), Se Acaso Você Chegasse (Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins), Balanço Zona Sul (Tito Madi), Malandro (Jorge Aragão e Jotabê), A Carne (Seu Jorge, Marcelo Yuka e Ulisses Cappelletti), Volta por Cima (Paulo Vanzolini), Maria da Vila Matilde (Douglas Germano), Saltei de Banda (Zé Rodrix e Luiz Carlos Sá), Salve a Mocidade (Luiz Reis), Banho (Tulipa Ruiz) e Mulher do Fim do Mundo (Rômulo Fróes e Alice Coutinho).
A direção musical é de Rafael Ramos. O projeto, lançado pela gravadora Deck, saiu por meio do programa Natura Musical.
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