Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Augusto Diniz | Música brasileira

A preocupação da música independente com as aquisições de Universal, Sony e Warner

Segundo estimativa de entidade, 80% do setor já é controlado pelas três gigantes, restringido a difusão multicultural

A preocupação da música independente com as aquisições de Universal, Sony e Warner
A preocupação da música independente com as aquisições de Universal, Sony e Warner
Foto: Divulgação
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A Associação Brasileira da Música Independente, a ABMI, vê com preocupação a crescente consolidação das chamadas majors, que reúnem as gigantes Universal, Sony e Warner.

O próximo movimento pode se concretizar no segundo semestre, com a aquisição da Downtown pela Universal Music. A União Europeia avalia se a fusão fere regras concorrenciais.

Há cinco anos, calcula a ABMI, as majors representavam 70% do mercado brasileiro. Com as compras recentes, esse índice saltou para 80%.

“Essas empresas estão tomando conta da compra de catálogos, ampliando seu domínio do mercado”, explica Talita Cordeiro, diretora-geral da entidade. “Não falamos só de catálogo, mas de ferramentas e empresas que não só trabalham a gestão dos direitos, mas a maneira como a música é distribuída.”

Com poder econômico, as majors têm capacidade de influenciar os algoritmos das redes sociais. Quem está fora delas, acrescenta Cordeiro, aparece menos nas plataformas e nas vitrines digitais, o que resulta em dificuldade extra para gerar retorno com um produto independente.

A ABMI é a principal representante de gravadoras e produtores fonográficos independentes no País. Para a diretora, a partir do momento em que o acesso à tecnologia, à produção e à difusão de produtos é controlado por quem tem mais capital, a diversidade de catálogo é duramente prejudicada.

“Pequenos produtores que, por exemplo, trabalham com cultura popular, os que carregam as nossas matrizes rítmicas, não têm tanto acesso quanto as empresas que trabalham na música de maneira industrial.”

A entidade aponta a necessidade de homogeneização do mercado e já alertou o Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o Cade, sobre a concentração na indústria fonográfica, mas reconhece se tratar de um processo difícil por envolver uma regulação ainda incipiente e distinta em cada país — além de mexer com os interesses de grandes grupos internacionais.

“O domínio do capital tem a tendência de industrializar a produção musical e coloca no mercado produtos que sejam mais fáceis de vender”, afirma Talita Cordeiro. “A dificuldade de distribuição e difusão de produtos independentes representa que o Brasil está deixando de ser reconhecido pela diversidade.”

Assista à entrevista de Talita Cordeiro a CartaCapital:

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