Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

A música caipira contemporânea de Rafael Cardoso e Aniela Rovani

Dupla reúne em trabalho o tradicional com arranjos elaborados

Imagem: Reprodução

Apoie Siga-nos no

Os violeiros autodidatas seguem importantes e reverenciados. Eles representam a face mais tradicional da música caipira. Rafael Cardoso e Aniela Rovani bebem dessa fonte, mas também agregam a formação acadêmica no som que produzem.

O casal vive hoje na área rural de Atibaia, interior de São Paulo, onde plantam e criam animais para consumo próprio. Esse contexto e a natureza são suas inspirações nas músicas que compõem.

Os dois, alguns dias atrás, venceram o Festival Causo e Viola, um dos mais importantes de música caipira do País, cujo regulamento impõe que os inscritos se apresentem com dueto vocal no formato violão e viola, preservando a estrutura musical do gênero. 

Não é a primeira vez que ganham concurso. Eles levaram prêmio de melhor música no II Festival da Canção Brasileira do Sesi, em 2019, e já foram finalistas de alguns outros.

“A gente olha para música caipira com a formação que tivemos. Um pouco diferente do que é o tradicional, que é ouvindo em encontros de gerações. Somando tudo que a gente estudou, acaba propondo à canção arranjos mais elaborados”, diz Aniela, 37 anos, nascida em Araras (SP). 

“A gente mergulha nesse universo do que já foi feito com o que podemos somar hoje, com todo respeito com o que aconteceu”, afirma Rafael, 40 anos, criado em Atibaia. 


Aniela é formada pelo Conservatório de Tatuí e pós-graduada em canção popular. Já Rafael é mestre em performance musical pela Unicamp. O duo, que tem o nome de Música de Interior, possui dois álbuns, ambos lançados ano passado: Interior e Música de Interior

Nova geração

Neste ano, eles têm apresentado singles que desaguarão num novo registro fonográfico que sairá no início de 2023 pela gravadora Galeão. Das músicas ainda a serem lançadas, uma conta com a participação de Chico Teixeira, filho do Renato Teixeira, e outro do violeiro Arnaldo Freitas.

A dupla avalia que o público tem se interessado mais pela música caipira devido em parte ao êxodo urbano causado pela pandemia e maior interesse das pessoas à vida rural. 

“Tem-se a visão de que a música caipira ficou em algum lugar do passado, mas, na verdade, não, ela está muito viva nas gerações atuais”, crê Rafael. “Como a gente nada contra a maré, que faz uma música que parece que foi deixada para trás e substituída por uma música mais romântica e americanizada, temos a liberdade de olhar para essa situação e selecionar o que interessa”. 

A dupla acredita que também absorve um “público abandonado” pela mídia que não toca o que quer ouvir. Rafael e Aniela são de uma nova geração da música caipira, dando segmento ao gênero ligado umbilicalmente à história do País.

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.