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Wi-fi livre ajuda imigrantes a matar a saudade da terra natal

Moradores utilizam conexão gratuita em duas praças da região. Em plano de metas, gestão Doria prometeu duplicar pontos de conexão na cidade

Imigrantes aproveitam wi-fi gratuito para se comunicar com familiares dos países de origem
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[Este é o blog do 32xSP. O site completo você acessa aqui]

É domingo em Guaianases, extremo leste da capital paulista. Os 30 graus de temperatura parecem convidar os moradores a se reunir na Praça Jesus Teixeira da Costa, no centro do bairro. Engana-se, porém, quem acha que o verde ou o canto dos pássaros são os principais atrativos. Faz mais sucesso um ponto gratuito de wi-fi.

Habitantes locais e imigrantes se dirigem à praça para baixar músicas e aplicativos, mandar áudios e mensagens via celular.

“Não tenho internet em casa, pois não tem espaço para colocar os fios e a antena, aí eu venho para cá. Falo com minha família, vejo vídeos”, explica o haitiano Ytorique Charles, 29 anos, que se mudou para o Guaianases há cinco anos com a esposa.

A conexão gratuita ajuda o servente de pedreiro a minimizar a saudade do pai e do filho que ficaram no Haiti. Enquanto não consegue trazer os familiares para perto.

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Rogério Dias, 19 anos, afirma estar satisfeito com a conexão, também usada para enviar e receber mensagens de amigos e familiares. “Eu vim aqui usar, e acho que tem que aumentar o número [de pontos de wi-fi], porque nem todo mundo consegue fazer isso em casa. Então a solução é vir pra praça”, relata o jovem, reforçando a importância da democratização do acesso à internet,  pois nem todos os moradores da região têm banda larga em casa.

Atualmente, segundo a Prefeitura de São Paulo, existem 120 pontos de wi-fi gratuito espalhados pela cidade por meio do programa Wi-Fi Livre SP, administrado pela Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia. A iniciativa foi lançada em 2014 com o objetivo de levar internet gratuita e de qualidade, disponibilizando um sinal nas principais praças ou parques de cada distrito da capital.

Em Guaianases, além do ponto gratuito na Jesus Teixeira da Costa, a pouco mais de 2 quilômetros, na Praça Cecília Marques de Araújo fica outro acesso livre.

CONEXÃO

32xSP visitou os dois locais  para verificar o funcionamento da internet e testar a velocidade e a capacidade de realizar alguns downloads.

Na Praça Jesus Teixeira da Costa, a internet estava mais lenta. Foi possível enviar e receber mensagens via aplicativo, mas não realizar downloads, mesmo após cinco tentativas. Além disso, a rede caía com frequência durante o uso, sendo necessário reconectar algumas vezes. A lentidão também foi percebida pelo haitiano Charles, que afirmou não ser possível carregar alguns vídeos.

Já na Praça Cecília Marques de Araújo, a utilização foi mais rápida em virtude do número de usuários conectados. O aplicativo de fotos Instagram foi baixado em pouco mais de dois minutos. As mensagens foram enviadas e recebidas rapidamente. A rede também não registrou nenhuma queda durante o uso.

Segundo a Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia, a velocidade mínima de conexão é de 512 kbps, o que, na teoria, deve atender de 50 a 250 usuários simultaneamente. A velocidade e a qualidade da conexão são controladas pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (Nic.BR), em parceria com a SMIT por meio do Sistema de Medição de Tráfego de Última Milha (Simet), instalados em cada uma das localidades.

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PLANO DE METAS

Duplicar os pontos de wi-fi livre está no Programa de Metas (2017-2020) da administração de João Doria. Ainda segundo a programa, além da expansão quantitativa, a iniciativa prevê melhorar a qualidade do serviço oferecido, entregando uma conexão com velocidade mínima de 512 kbps.

O plano de expansão deve contemplar, além de praças e parques, outros equipamentos públicos, como CEUs (Centros Educacionais Unificados), UBSs (Unidades Básicas de Saúde), bibliotecas, clubes municipais, espaços de atendimento ao cidadão e pontos turísticos. 

Ao todo, a Zona Leste conta com 36 pontos de internet disponíveis, sendo que Mooca lidera com seis, depois Itaquera com cinco. Em seguida, Penha e Itaim com quatro cada um– contra os 23 que estão localizados no centro da cidade, no distrito da Sé.

Em nota, a Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia informa que a escolha dos novos espaços leva em consideração critérios de distribuição espacial, vulnerabilidade social e densidade populacional. 

Esclarece ainda  que os pontos citados nesta reportagem têm números máximo de acessos simultâneos diferentes. A Praça Jesus Teixeira da Costa consegue comportar 100 usuários ao mesmo tempo. Na Praça Cecília Marques de Araújo, 50 conseguem navegar simultaneamente. Contabilizados, os locais somam mais de 105 mil acessos no mês (total que representa não a quantidade de usuários únicos, mas de acessos).

Como o acesso costumeiro de Charles que, ao ar livre da praça, navega nas lembranças de sua terra natal. “Além de mandar mensagem, eu vejo vídeos de Compas [tradicional dança haitiana]”, enfatiza. “Esse ritmo não é nem samba, nem funk, porque é mais devagar”, explica o haitiano, enquanto procura um vídeo no celular para mostrar como é a dança.

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