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Subprefeituras gastaram R$ 30 mil com troca de nome para ‘regionais’

Em 2017, o ex-prefeito de SP João Doria estabeleceu, inconstitucionalmente, mudança de nomenclatura. Cidade Ademar e Capela do Socorro lideram custos

Subprefeitura de Itaquera, na zona leste de São Paulo
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Chamadas de subprefeituras desde que foram criadas, em 2002, as 32 sedes administrativas da cidade de São Paulo tiveram sua nomenclatura alterada para prefeituras regionais a partir de 2017, quando João Doria (PSDB) assumiu a gestão da capital paulista. A proposta fez parte de sua campanha política.

Segundo o ex-prefeito (que deixou o cargo após um ano e quatro meses para se candidatar ao governo estadual), a medida previa não apenas a mudança de nome, mas a descentralização da administração municipal. “Quando você fala subprefeito, subprefeitura, você também traduz isso em sub povo, sub bairros e sub orçamentos. Nós não queremos isso”, afirmou Doria, na época.

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Com a alteração nos nomes, algumas sedes gastaram entre R$ 2 mil e R$ 9 mil para realizar a troca de placas externas, pintura de fachadas, materiais gráficos e de sinalização e demais instalações, conforme mostram dados obtidos pelo 32xSP via Lei de Acesso à Informação (LAI).

Os gastos, somados, chegam a R$ 31,5 mil. A maior parte das subprefeituras, no entanto, afirma não ter arcado com custos extras.

Magno Borges/32xSP

 Em agosto deste ano, já sob a gestão do atual prefeito, Bruno Covas (PSDB), a mudança estabelecida por Doria tornou-se inconstitucional e as prefeituras regionais voltaram a ser chamadas de subprefeituras.

Isso porque, para realizar qualquer alteração nas subprefeituras, é necessário entrar com uma emenda à Lei Orgânica do Município de São Paulo (Lei Maior que rege a municipalidade). A ação não foi feita pelo ex-prefeito — que mudou a nomenclatura por decreto.

Wallace Leray A reforma no letreiro da subprefeitura de Capela do Socorro e demais serviços custaram R$ 6.800

 As subprefeituras de Cidade Ademar e Capela do Socorro, ambas na zona sul, gastaram, respectivamente, R$ 9.110 e R$ 6.800 com a troca de nomes. Em Capela do Socorro, o custo se deveu à execução da reforma total das letras existentes, aplicação de antiferrugem, pintura automotiva preta, desinstalação e instalação no prédio.

Já em Cidade Ademar, segundo o chefe de gabinete responsável, os valores gastos foram destinados à mudança de nome da placa externa (R$ 4.950), placa do Conselho Tutelar Pedreira (R$ 3.100) e capachos/tapetes (R$ 1.060).

Santana/Tucuruvi, na zona norte, desembolsou R$ 4.500 com a troca, sendo R$ 600 para duas lonas do totem localizado na entrada da subprefeitura e R$ 3.900 o valor total da placa frontal para identificação na entrada do local e a placa dos fundos para identificação do prédio na avenida Luiz Dumont Villares.

No extremo leste de São Paulo, a subprefeitura do Itaim Paulista informa que não houve mudança de placas externas e outros materiais gráficos de sinalização. “A única alteração realizada foi na fachada de entrada do prédio sede da subprefeitura, com a substituição da nomenclatura e brasão da Prefeitura de São Paulo”, conta a chefe de gabinete Marcia Mendes. O valor gasto na troca da fachada foi de R$ 3.833,15.

Já a subprefeitura da Sé, no centro de São Paulo, gastou R$ 4.498,96 com placas de identificação e publicações impressas. Outras duas subprefeituras que também tiveram despesas com a alteração da nomenclatura foram a Cachoeirinha/Casa Verde, com R$ 1.980 de gastos ao município, e a Freguesia do Ó/Brasilândia, com R$ 780 – ambas na zona norte.

Doações

No distrito do Ipiranga, na zona sul, a subprefeitura diz que não houve custos para a troca das placas internas da sede, sendo feitas doações por meio do gabinete do subprefeito. “Em relação às placas de sinalização, por serem de competência da CET [Companhia de Engenharia de Tráfego], não temos acesso aos custos das alterações.”

As subprefeituras de Guaianases (zona leste), Jabaquara (zona sul), Jaçanã/Tremembé (zona norte) e Vila Maria/Vila Guilherme (zona norte) também receberam doações para a mudança.

Segundo as informações fornecidas, algumas doações foram feitas pelos próprios subprefeitos. É o caso de Pirituba/Jaraguá, na zona noroeste, e Vila Prudente, na zona leste.

“Em 2017, não foram contratadas empresas para confecções de placas ou outro material. A única placa externa trocada foi a da sede da subprefeitura, que o subprefeito Ivan Lima arcou com as despesas de confecção e instalação”, afirma Doraney Santana de Oliveira, chefe de gabinete da subprefeitura Pirituba/Jaraguá.

Na Vila Prudente, também não houve gastos na troca. “Na época, foi feita uma doação em nome do senhor Jorge Farid ([ex-]subprefeito). Quanto a placa que fica na esquina da avenida Oratório, esta continua a mesma: Subprefeitura Vila Prudente/Sapopemba”, ressalta a resposta recebida pelo 32xSP.

O distrito de Sapopemba não faz mais parte da subprefeitura de Vila Prudente, tendo sua sede própria desde 2013.

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Reutilização

Na subprefeitura de Itaquera, na zona leste, foram realizadas adaptações com o material ou placas de sinalização já existentes, não sendo necessárias novas aquisições.

As subprefeituras de Butantã, Ermelino Matarazzo, Parelheiros, Penha, Pinheiros, Santo Amaro, São Mateus, São Miguel Paulista, Sapopemba e Vila Mariana não realizaram mudanças no período mencionado.

Aricanduva/Formosa/Carrão, Campo Limpo, Cidade Tiradentes e Perus prorrogaram o prazo de resposta e/ou não enviaram as informações até a data solicitada pela reportagem.

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