32xSP

Ponte improvisada com madeira resiste há 26 anos na Zona Leste

Travessia precária, feita com dois troncos de árvore e restos de móveis, é a principal ligação entre as ruas Beira-Rio e Cambará, no Itaim Paulista

Ponte de madeira que liga as ruas Beira-Rio e Cambará, no Itaim Paulista, na zona leste de SP
Apoie Siga-nos no

Há exatos 26 anos, os moradores dos loteamentos da Cidade Kemel, no Itaim Paulista, Zona Leste da capital paulista, se juntaram para construir uma ponte improvisada de madeira. O objetivo era conseguir atravessar o Córrego Três Pontes, que divide a cidade de São Paulo das vizinhas Itaquaquecetuba e Poá.

Até hoje, a precária travessia, feita com dois troncos de árvore e restos de móveis, ainda é a principal ligação entre as ruas Beira-Rio e Cambará, no ponto mais ao leste da capital paulista.

“Para você ter uma ideia, eu caí nessa ponte em 1993”, lembra o motorista Valci Pinheiro, 46 anos, morador da região desde o começo da década de 1990. “Antigamente, foram os moradores de todo o bairro que pagaram a instalação da ponte. Hoje o poder público é omisso, por ser uma região de divisa, mas naquela época era ainda pior”.

Atualmente, a travessia de madeira está bem desgastada. Há buracos e ripas se soltando. Também não há cordões de segurança para evitar que as pessoas caiam no córrego em dias chuvosos, apenas cordas.

“Quando chove, fica muito escorregadio. Já vi uma senhora cair aí dentro [do córrego]”, diz Elielson Júlio, 23, que trabalha numa bomboniére vizinha da ponte e atravessa a estrutura todos os dias para chegar em casa.

Segundo ele, em épocas de chuva forte, é comum que o córrego transborde e danifique a ponte. “Aí os moradores se juntam para recuperar. Uns doam a madeira, outros os cabos de aço”, conta.

Omissão do poder público

Por ser uma região de divisa quádrupla, o bairro da Cidade Kemel é constantemente negligenciado pelo poder público em muitas áreas. Do outro lado do Córrego Três Pontes, em Itaquaquecetuba, sequer existe asfalto e luz.

Apesar da manutenção do córrego ser dividida entre as cidades, a Prefeitura de São Paulo chegou a instalar uma placa ao lado da ponte de madeira, em 2015, onde prometia a substituição dessa estrutura por uma passarela de metal.

Segundo o Diário Oficial do Município, a obra chegou a ser licitada, mas não saiu do papel.

Leia também::
Ponte Pirituba-Lapa está prevista para início de 2019, mas divide opiniões

Alguns metros para a frente, a Prefeitura chegou a instalar uma passarela metálica, mas para substituir uma ponte de concreto, que cedeu. E como ela não faz ligação com a rua Cambará, passou a ter uso secundário pelos moradores.

Procurada, a Secretaria Municipal das Subprefeituras (SMSUB) informou que está apurando o caso.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo