32xSP

‘Deixo de sair de casa por medo do breu da rua’, diz moradora

Distrito da zona leste é um dos piores no número de lâmpadas por quilômetro

‘Deixo de sair de casa por medo do breu da rua’, diz moradora
‘Deixo de sair de casa por medo do breu da rua’, diz moradora
Andressa Nascimento na rua de sua casa no Parque do Carmo
Apoie Siga-nos no

[Este é o blog do 32xSP. O site completo você acessa aqui]

“O meu bairro é muito escuro. Eu volto à noite e sinto medo de andar sozinha, principalmente quando passam motos ou pessoas estranhas. Então a minha mãe vai me buscar no ponto, o que também é perigoso para ela. Mas a gente precisa se virar, né?”, desabafa a estudante de arquitetura Andressa Nascimento, 22, moradora do Parque do Carmo, distrito na zona leste da capital paulista.

A jovem chega em casa por volta das 21h, quando já escureceu e as luzes dos postes estão apagadas, o que preocupa a mãe Inês do Nascimento, 58: “Eu acho perigoso e, por isso, vou sempre buscar a minha filha. Quando eu não vou, fico esperando ela no portão”, confirma.

No Mapa da Desigualdade da Primeira Infância 2017, realizado pela Rede Nossa São Paulo em parceria com a Fundação Bernard van Leer, o Parque do Carmo aparece 15 vezes entre os piores distritos nos 28 indicadores avaliados.

No quesito iluminação pública, os dados da Secretaria Municipal de Serviços e Obras mostraram que a região possui apenas 363,44 lâmpadas por quilômetro. Esse número é seis vezes menor do que os da região da República, que é equipada com 1.900,87 lâmpadas. A Sé, Liberdade, Santa Cecília e Jardim Paulista seguem com os outros quatro locais mais iluminados da cidade.

LEIA MAIS: Atraso nas obras do CEU Parque do Carmo aumenta expectativa dos moradores

“Às vezes deixo de ir para alguns lugares porque eu sei que vou chegar tarde e tenho medo de subir nesse breu”, desabafa Andressa, enquanto termina de se arrumar para conseguir sair ainda durante o dia.

Para Inês, existem muitas árvores nessa região que não são cuidadas. “Como não há podas regulares, elas ficam enormes e tampam os poucos postes que funcionam”, reclama.

Poste-da-rua-sem-lâmpada-2-e1513345804594.jpg Poste sem lâmpada em rua do Parque do Carmo (Larissa Darc/32xSP)

OUTRO LADO

A assessoria do Departamento de Iluminação Pública de São Paulo (Ilume) nega que privilegia as regiões centrais. “São Paulo é iluminada do Centro à periferia. O que ocorre é que com a modernização dos equipamentos os locais que receberam iluminação por último acabam ficando com iluminação-pública de melhor qualidade, pois utilizam os equipamentos mais modernos”, argumenta.

A Ilume também assume a influência dessa vegetação no problema. “Um prejuízo na distribuição não significa necessariamente uma insuficiência de iluminação, seja na via seja na calçada. Certas vezes isso pode vir a acontecer, seja pela distribuição dos postes não ser regular ou ser muito extensa seja pela arborização urbana”, defende.

VEJA TAMBÉM: Em Itaquera, planetário volta a proporcionar viagens pelo espaço

O órgão público aponta os meios para que a população cobre das autoridades. “O caminho para solicitações de melhoria, seja de remodelações ou de implantações é por meio das prefeituras-regionais”, explica.

Contatada, a Prefeitura Regional de Itaquera afirma que “os critérios de implementação de sistemas de energia pública competem à concessionária. Cabe à Prefeitura Regional acionar a mesma em caso de acidentes (como queda de postes, por exemplo) e fazer o encaminhamento das solicitações recebidas”.

SERVIÇO

O morador pode solicitar por telefone (156) ou por ofício entregue pessoalmente na Prefeitura Regional. Horário de atendimento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, na rua Augusto Carlos Bauman, 851, em Itaquera.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo