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Apenas 19% dos paulistanos confiam nas prefeituras regionais

Uso da estrutura como moeda de troca política e pouca autonomia contribuem para baixa eficácia, diz especialista

Prefeitura regional Itaim Paulista, no extremo leste
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A confiança e a avaliação dos paulistanos em relação às prefeituras regionais de São Paulo anda bem baixa, segundo dados da pesquisa “Viver em São Paulo”, realizada pela Rede Nossa São Paulo e Ibope, lançada nesta quarta-feira 24.

De acordo com o estudo, apenas 19% dos entrevistados dizem confiar nas regionais, índice mais baixo desde 2008, quando o grau de confiança chegava a 48%. O percentual mais baixo, no entanto, fica com a Câmara Municipal de São Paulo, que amarga apenas 11%.

O estudo mostra também que somente 12% dos moradores da capital paulista acham o trabalho desenvolvido pelas prefeituras regionais ótimo ou bom. Já 38% consideram regular, e 46% ruim. Os que não souberam ou não opinaram correspondem a 4%.

A aprovação se manteve estável em relação à última pesquisa, em 2015, quando o levantamento se chamava Irbem (Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município). Já aqueles que avaliaram negativamente caiu nove pontos percentuais. Enquanto os que não sabem ou não opinaram aumentou um ponto percentual no mesmo período.

A pesquisa foi realizada com 800 pessoas entre os dias 8 e 27 de dezembro de 2017. A margem de erro é de três pontos para mais ou para menos.

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Para Fernando Abrucio, cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas, apesar das diferenças, nenhuma gestão municipal conseguiu transformar essas estruturas para que fossem capazes de se tornarem efetivas à população.

Pelo contrário, para o especialista, as prefeituras regionais foram, “desde o princípio, moedas de troca política”. “Embora o prefeito João Doria tenha dito que daria prioridade às prefeituras regionais em sua gestão, não houve uma reforma”, ressalta.

Ainda segundo Abrucio, os cidadãos não se reconhecem nessas estruturas, o que dificulta o entendimento da cidade: “Eles sabem que ter prefeituras regionais é algo bom, mas não há um sentimento de identificação com elas, que deveriam ser uma ‘caixa de ressonância’ da população”.

Registradas pela Lei nº 13.999, de 1º de agosto de 2002, durante a gestão Marta Suplicy (então no PT), as prefeituras regionais já foram chamadas de subprefeituras, e também de regionais, e são a menor divisão administrativa, abaixo da Prefeitura Municipal. Cada uma delas tem à frente um prefeito local, indicado pelo executivo municipal.

Roberto-Arantes-Filho_pref-reg-Sto-Amaro_Rafael-Carneiro-2-768x576.jpg Prefeito de Santo Amaro, Roberto Arantes Filho administra a região desde 2017 (Rafael Carneiro/ 32xSP)

Atualmente existem 32 prefeituras regionais em São Paulo. Uma delas é a de Santo Amaro, na zona sul da cidade. Formada pelos distritos de Campo Belo, Santo Amaro e Campo Grande, ela é administrada por Roberto Arantes Filho, 47.

O gestor acredita que a baixa avaliação e confiabilidade podem ser atribuídas à pouca autonomia. Para driblar os baixos índices, Arantes Filho afirma que em Santo Amaro, por exemplo, ele tem buscado “aprimorar seus serviços por meio de mutirões e o cumprimento de metas de zeladoria”.

“Trata-se de uma medida de gestão para melhorar os serviços oferecidos pelas 32 prefeituras regionais. Dessa maneira, é possível realizar um acompanhamento mais eficaz de métricas estabelecidas, com ações integradas entre os prefeitos regionais e compartilhamento de experiências e oportunidades”, assegura.

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Já para Abrucio, é preciso uma reforma na maneira de administrar regionalmente. 

“Houve várias tentativas de mudanças, mas nenhuma deu certo. A gestão Fernando Haddad (PT), por exemplo, chegou a defender que os subprefeitos fossem eleitos pela população, mas isso não foi para frente. Todos perdem do jeito que está. Perde a periferia, que não tem infraestrutura, perde a prefeitura na sua legitimidade”, finaliza o cientista político.

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