Houve uma coincidência na definição de Jô Soares e do acima assinado, absolutamente involuntária de ambas as partes: dizíamos que Pelé é sinônimo de Brasil. Um rei sem sucessor na terra do futebol. Com Pelé de camiseta canarinho o Brasil nunca perdeu, do Mundial da Suécia, em 1958, ao do México, em 1970, contra a Itália, batida por 4 a 1. E ele ali, imponderável e inspirador. Até um gol de cabeça neste jogo Pelé fez, ao pular bem mais alto do que seu marcador, dono de estatura alentada. Com a expressão da típica sabedoria infinita, um jornalista nativo apressou-se a informar sobre o baixo porte do nosso autor de mais de mil gols e, solene, soletrou que tinha pouco mais de um metro e sessenta.
Estava errado, obviamente, a altura certa era um e setenta e dois, mas em campo parecia um gigante, e de certa forma era, conforme constatei no primeiro jogo assistido logo após a minha segunda chegada ao Brasil. Tratava-se de um embate entre Santos e São Paulo e Pelé marcou quatro gols iguais. Ao partir do seu campo, semeou todos os adversários pelo caminho, entrou na área inimiga e ludibriou o arqueiro, sem a mais pálida chance de interceptar aquela estocada final. Pepe, endiabrado ponteiro-esquerdo, marcou mais duas vezes naquela goleada empolgante, a justificar até um certo espanto de minha parte.
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