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Ministra francesa reitera que seu país não vai assinar acordo com Mercosul

‘Não podemos assinar um tratado comercial com um país que não respeita a Floresta Amazônica’, diz Elisabeth Borne

Ministra francesa reitera que seu país não vai assinar acordo com Mercosul
Ministra francesa reitera que seu país não vai assinar acordo com Mercosul
Ministra do Meio Ambiente da França, Elisabeth Borne. Foto: STEPHANE DE SAKUTIN / AFP
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A ministra do Meio Ambiente da França, Elisabeth Borne, declarou nesta terça-feira (08/10) que seu país não pretende assinar o acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia porque o Brasil “não respeita a Floresta Amazônica”, demonstrando que as tensões na área ambiental entre o governo francês e brasileiro não arrefeceram.

“Não podemos assinar um tratado comercial com um país que não respeita a floresta amazônica, que não respeita o tratado de Paris [do clima]. A França não assinará o acordo do Mercosul nessas condições”, disse a ministra Borne à emissora de televisão BFM, reiterando a posição que o governo francês vem expressando desde o fim de agosto.

 

Há cerca de um mês e meio, o presidente francês Emmanuel Macron já havia avisado que seu governo tentaria bloquear a ratificação do acordo por causa da política ambiental do governo de Jair Bolsonaro. Na ocasião, o francês também acusou o brasileiro de mentir sobre compromissos firmados na área ambiental para garantir o sucesso do acordo.

O acordo foi fechado em junho após 20 anos de negociações. À época, o governo Bolsonaro celebrou o desfecho como um triunfo da política externa, mas não parou de se antagonizar em questões ambientais com vários países da UE, cujos parlamentos ainda precisam ratificar o acordo.

Macron também havia colocado como condição para a implementação do acordo de livre-comércio um reforço da proteção ambiental no Brasil. Em junho, ele explicou que o pacto foi finalmente fechado porque Bolsonaro oferecera garantias de preservação do meio ambiente brasileiro.

Em agosto, no mesmo dia em que o líder francês disse ser contra a assinatura do acordo, o governo da Irlanda também endossou a posição. “Não há nenhuma chance de votarmos a favor, se o Brasil não honrar seus compromissos ambientais”, afirmou o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar.

A queda de braço ainda envolveu o governo da Finlândia, que no momento detém a presidência rotativa da União Europeia (UE), e chegou a propor aos países do bloco uma suspensão geral da importação de carne bovina brasileira por causa das queimadas na Amazônia. Em setembro, o Parlamento da Áustria também aprovou uma moção  que obriga o governo do país a vetar no Conselho Europeu o acordo de livre-comércio entre União Europeia e Mercosul.

Em contraste, o governo da Alemanha ainda defende a implementação do acordo. Isso, apesar de Berlim também ter sido alvo de ataques do governo Bolsonaro, e chegado a suspender a remessa de fundos para proteção ambiental no Brasil. No fim de agosto, um porta-voz da Chancelaria Federal alemã afirmou que “a não ratificação do acordo com o Mercosul não contribuirá para reduzir o desmatamento na Amazônia”.

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