Mundo
PIB britânico encolhe em meio à incerteza do Brexit
O desaquecimento é uma má notícia para o governo de Boris Johnson, que assumiu o cargo em 24 de julho


O Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido caiu de 1,8%, no primeiro trimestre, para 1,2%, anunciou nesta sexta-feira 9 o Escritório para Estatísticas Nacionais (ONS). Esta foi a primeira retração da economia britânica desde 2012.
O ONS afirmou que houve “crescente volatilidade em torno da data originalmente planejada” para o Brexit, no fim de março. No início de 2019, as empresas tiveram que aumentar seus estoques para garantir o abastecimento após o desligamento, inicialmente programado para 29 de março. Essa atividade contribuiu para o crescimento econômico de cerca de 0,5% no primeiro trimestre.
Como a data foi adiada, as companhias venderam esses estoques suplementares no segundo trimestre, e também reduziram seus investimentos. Apesar desse declínio no PIB, o Reino Unido não entrou em recessão técnica, que requer dois trimestres consecutivos em declínio. Assim, os dados do terceiro trimestre serão cuidadosamente estudados, quando publicados.
O desaquecimento é uma má notícia para o governo de Boris Johnson, que assumiu o cargo em 24 de julho, prometendo que o Reino Unido deixará a União Europeia em 31 de outubro, com ou sem acordo com a UE. Várias organizações econômicas importantes alertaram que uma saída da UE sem acordo teria consequências negativas para a economia do país.
O Banco da Inglaterra espera que o crescimento se desacelere, e o Escritório de Responsabilidade Orçamentária (OBR) britânico, responsável pelas previsões econômicas do governo, acredita que o país possa entrar em recessão diante de tal cenário.
O fato de que a economia global teve um desempenho pior do que o previsto provavelmente aumentará a preocupação com o efeito corrosivo do Brexit na economia. O investimento empresarial, historicamente debilitado desde junho de 2016, quando o país optou por deixar a UE, enfraqueceu ainda mais no segundo trimestre, encolhendo 0,5%.
A indústria automobilística foi particularmente afetada e suspendeu a atividade de várias unidades de produção em abril, devido a sucessivas mudanças no programa do Brexit, o que interrompeu seu planejamento. Outros setores manufatureiros também foram afetados, resultando numa queda total de 1,4% na produção industrial.
O ramo da construção também experimentou queda de 1,3%, com empreiteiros cautelosos diante da possibilidade de que o Brexit reduza os preços dos imóveis. Os serviços, por sua vez, tiveram crescimento tímido, de 0,1%, o mais fraco em três anos.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Mudança climática ameaça produção mundial de alimentos
Por Deutsche Welle
Trump congela todos os ativos do governo da Venezuela
Por AFP
Brasil minimiza devolução de frango com salmonela pelo Reino Unido
Por AFP
China cancela compra de produtos agrícolas dos EUA
Por RFI