CartaCapital

Um país governado pelo ódio

Um ódio desalmado e desumano que, valendo-se de mentiras, ofensas e grosserias, passou a governar o País.

Um país governado pelo ódio
Um país governado pelo ódio
Jair Bolsonaro (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Apoie Siga-nos no

Ele venceu a disputa. Incitou a violência, exaltou a tortura, pregou o armamentismo. Celebrou a homofobia, o machismo, o sexismo. Seduziu sentimentos adjacentes e ganhou apoio da raiva, da revolta, do desgosto. Sem diálogo, atirou contra a democracia, disparou contra a harmonia, atropelou a tolerância. E foi assim que o ódio prevaleceu. Um ódio tirano, autoritário e conservador.

Foto: Lula Marques

Esse ódio está em todos os lugares e assalta violentamente o patrimônio material e moral dos brasileiros. Está na expansão do desmatamento da Floresta Amazônica e na censura ao órgão que aferiu e divulgou esse aumento. Está no anticientificismo que nega o aquecimento global e no retrocesso das políticas climáticas e ambientais. Está na exorbitante liberação de agrotóxicos, no envenenamento das refeições e no maltrato da saúde dos brasileiros.

Esse ódio está, ainda, no governante que nomeia seu próprio filho para cargos cobiçados e bem remunerados e na glorificação do nepotismo no mais alto escalão dos poderes da república. Está na utilização de aeronaves públicas para fins pessoais, na destruição da legislação trabalhista e no desmantelamento da previdência social. Está na dilapidação do patrimônio nacional, no desdém da soberania e no retorno da subserviência tupiniquim.

Esse ódio está, ademais, nos cortes promovidos no ensino básico, no ataque impetuoso às universidades públicas e na suspensão das bolsas que financiam pesquisas científicas. Está no controle da promoção da arte e no retorno da censura ao cinema nacional. Está na negação da fome e no desprezo a milhares de brasileiros que não comem e não alimentam seus filhos.

Esse ódio está, sobretudo, na negação da violência lançada contra uma mulher, jovem, grávida, torturada durante a ditadura militar por defender a democracia. Está na hesitação e na indiferença em relação ao assassinato de líderes indígenas e no discurso que legitima a invasão de terras e a violência praticada contra suas comunidades.

Esse ódio está, de resto, nas palavras bárbaras que desdenham da morte de um pai, uma morte violenta, causada pelo Estado e motivada por perseguição política. Está em desprezar o luto familiar e tripudiar da dor de um filho. Está no desconhecimento do vínculo afetivo que liga pai a filho e do sentimento genuíno que envolve essa relação.

Esse ódio não conhece o seu oposto: o amor.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo