Sociedade
Artista acusa Embratur por uso ilegal de fonte gráfica em campanha
Após receber críticas por conotação sexual, o órgão violou direitos autorais aos aplicar tipografia criada por designer francês


O momento não está favorável para a Embratur. Após ser criticado por fazer uma campanha de divulgação do turismo brasileiro com conotação sexual, o órgão agora é acusado de usar uma fonte tipográfica que não pode ser utilizada comercialmente.
Benoit Sjöholm, designer francês, acusou a Embratur de usar uma fonte que ele criou no logo da campanha “Brazil – Visit and Love Us“. O órgão do governo admitiu o erro e disse, em nota, que vai alterar a marca.
Ao site G1, a Embratur assumiu que a logomarca foi uma criação dos próprios funcionários, visando economia e agilidade na entrega. O Instituto Brasileiro de Turismo informou ainda que “identificou que a fonte Fontastique não pode ser utilizada gratuitamente e que buscará uma alternativa sem custos para substituir a marca”.
Campanha gerou polêmica
Os secretários e dirigentes estaduais de turismo consideram que o slogan da campanha “Brazil – Visit and Love Us” não representa o turismo do Brasil e por isso deve ser retirado de circulação.
“O Brasil vem há anos trabalhando para apagar a imagem de destino de “turismo sexual”, porém, a tradução dúbia do slogan pode colocar todo esse trabalho em risco”, diz o Fornatur (Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo) em nota.
Na língua inglesa, o verbo amar pode significar um ato sexual se vier junto com o pronome errado, como no caso dessa marca que usa o pronome “us” e não o “it”.
O Fornatur também contestou a troca da letra “s” pela “z” na grafia da palavra Brasil. “Brasil com “z” ignora a grafia correta, não é utilizado há décadas e foi abolido justamente para que nossos símbolos fossem respeitados.”
A nota técnica dos secretários diz que a nova campanha não foi feita em conjunto com os secretários estaduais. Caso contrário, os erros teriam sido evitados.
A Embratur nega que a campanha tenha qualquer indício de conotação sexual e que a nova marca foi desenvolvida com inspiração na bandeira nacional. “O instituto frisa que o governo brasileiro não reconhece a expressão ‘turismo sexual’, e reforça que a exploração sexual não é turismo, é crime”, disse por meio da assessoria.
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