Sociedade

Ato pelas Diretas Já reúne multidão em Copacabana

Apesar da pouca atenção da mídia, o evento convocado por artistas atrai cem mil manifestantes, segundo os organizadores. Fluxo aumenta no fim da tarde

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Apesar da pouca atenção dispensada pela mídia e da chuva constante, as manifestações pelas Diretas Já na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, foram significativas. Segundo os organizadores, o protesto cresceu ao longo do dia, registrou uma média de 50 mil participantes durante a tarde e alcançou cem mil cariocas quando começaram os shows mais esperados, do rapper Criolo e do compositor Caetano Veloso, por volta das 17 horas. A Polícia Militar não divulgou uma estimativa de público. O evento teve início às 11 da manhã. Artistas, políticos e lideranças sociais se revezaram no carro de som na defesa da renúncia do peemedebista e da antecipação das eleições. 

Caetano não discursou, mas antes de convidar o parceiro Milton Nascimento para um dueto, o baiano entoou um “Fora,Temer”, para delírio da plateia que se espremia na orla, sob chuva.

Um dos mais aplaudidos, o ator Wagner Moura discursou no meio da tarde, além de atuar como mestre de cerimônias. “Nós, que no ano passado estivemos na rua contra o golpe que levou Temer à presidência, agora temos o segundo round”, afirmou. “Não é possível Temer continuar, nem esse Congresso escolher o seu substituto. Pode não ser ilegal, mas é imoral e ilegítimo”.

À CartaCapital, o ator acrescentou: “Esse movimento tem um valor sobretudo simbólico. Tem seu valor prático também, pois acredito possível aprovar a emenda das eleições diretas. Se colocarmos pressão das ruas, conseguiremos as Diretas Já. Agora, sobretudo, tem um valor simbólico muito grande. Vamos lembrar que em 1984 a emenda Dante de Oliveira também não passou, mas a campanha ficou como força simbólica, como força de luta pela democracia. Então, estou aqui sobretudo por princípio, mais por princípio do que por qualquer outra coisa”.

Moura não foi o único ator global a aderir ao protesto. Passaram pelo carro de som ou pela orla Bete Mendes, Fábio Assunção, Sophie Charlotte, Daniel Oliveira, Zezé Motta, Osmar Prado e Antônio Pitanga, entre outros. O humorista e escritor Gregório Duvivier e Guilherme Boulos, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, circularam intensamente durante todo o período da manifestação.

Não só políticos fluminenses participaram dos atos. O paulista Carlos Zarattini, o paranaense Aliel Machado Bark e o senador do Amapá Randolfe Rodrigues fizeram questão de comparecer. Rodrigues e outro colega da Rede, o deputado Alessandro Molon, acreditam que o caminho mais fácil para as Diretas Já seria uma decisão do Supremo Tribunal Federal e não a aprovação de uma emenda no Congresso. O STF tem na pauta a análise da constitucionalidade da reforma política feita pelo Parlamento em 2015, sob o comando de Eduardo Cunha.

Naquela época, estabeleceram-se eleições diretas no caso de vacância da presidência e da vice-presidência da República, caso ela ocorra antes de seis meses do fim do mandato. Para os integrantes da Rede, a pressão popular poderia levar a ministra Carmen Lúcia a pautar o julgamento.

Em Copacabana, não importava para a multidão o caminho legal possível. O importante era defender o direito dos eleitores de escolher imediatamente, nas urnas, o substituto de Temer.

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