Política
Moro e Lava Jato articularam para vazar dados sigilosos sobre Venezuela
Intenção do ex-juiz e de procuradores era atingir politicamente o governo de Maduro. Sigilo foi ordem do STF
Moro e procuradores da Lava Jato articularam para divulgar dados sigilosos sobre a Venezuela e, com isso, atingir politicamente o governo de Nicolás Maduro. É o que indicam novos vazamentos apurados em conjunto pelo The Intercept Brasil e pela Folha de S. Paulo.
A sugestão para expor as informações da Lava Jato foi dada por Moro em agosto de 2017. “Talvez seja o caso de tornar pública a delação da Odebrecht sobre propinas na Venezuela”, escreveu o ex-juiz para o procurador Deltan Dallagnol.
A delação em questão, iniciada pela construtora em 2016, envolvia o reconhecimento de pagamentos ilegais em diversos países além do Brasil – a Venezuela na lista. Detalhe: tudo era mantido em sigilo por determinação do Supremo Tribunal Federal.
Após o “pedido” de Moro, Dallagnol passou a articular maneiras para burlar a ordem do STF. Chegou a escrever: “Haverá críticas e um preço, mas vale pagar para expor e contribuir com os venezuelanos”.
Delton explicou para Moro como faria. “Não dá para tornar público simplesmente porque violaria acordo, mas dá para enviar informação espontânea (à Venezuela) e isso torna provável que em algum lugar do caminho alguém possa tornar público”.
Houve barreiras para seguir com o plano, incluindo falta de alinhamento com procuradores venezuelanos.
Sergio Moro e a Lava Jato foram questionados pelo Intercept e pela Folha para se manifestarem sobre o caso, mas se limitaram, como tem ocorrido, a questionar a autenticidade das mensagens.
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