Política
Glenn Greenwald: Eu apoio a Lava Jato, mas o poder corrompeu Moro
Editor-chefe do The Intercept Brasil disse que ministro ‘não pode passar dos limites’


O jornalista Glenn Greenwald, editor-chefe do site The Intercept Brasil, responsável pelos vazamentos das conversas entre Sergio Moro e Dallagnol, esteve nesta quinta-feira 13 no Programa Pânico, da rádio Jovem Pan. O americano disse que sempre defendeu a operação Lava Jato, mas acredita que os procuradores e o ex-juiz se perderam pelo excesso de poder. “Moro não pode passar dos limites pelo fim da corrupção, ele precisa ter responsabilidade”, disse.
O jornalista comentou sobre o caso dos vazamentos, mas não contou nenhum novo dado. Segundo ele, tem muita coisa ainda por vir, mas os documentos estão passando por uma análise da equipe editorial do site. “Precisamos ter responsabilidade na divulgação desses dados. Precisamos analisar com muito cuidado. Estamos há semanas com isso e só liberamos agora”, conta Glenn.
Quando questionado sobre o conteúdo das conversas, Gleen disse ter ficado abismado com a falta de ética de Sérgio Moro, que na época dos diálogos era o juiz responsável pela lava Jato em Curitiba. “Eu não quero fingir que sou um perito na lei brasileira. Sou um advogado americano, mas todos os advogados que consultamos ficaram indignados e com toda certeza os processos podem ser revistos”, afirmou.
Quando falou de Lula, o jornalista contou que sempre foi um crítico ao ex-presidente, mas que nesse caso tem muita confiança que o petista terá outro julgamento. “Pode perguntar para qualquer petista, sempre fomos críticos ao partido, mas acredito que dessa vez Lula está certo”, disse.
Glenn disse que está sofrendo muitas críticas, principalmente por não revelar a fonte das conversas, mas garantiu que os documentos são verdadeiros e que passou por uma rigorosa análise dos editores.
“Sergio Moro negou que estava falando com Deltan. Ele disse em um artigo que o valor mais importante do juiz é um valor passivo. Então, se o que ele fez não é errado, porque ficou 3 ou 4 anos negando o que o nosso matéria mostra?”, questionou o jornalista.
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