Educação
Por que não há homens na Ed. Infantil?
Para pesquisador Joaquim Ramos, “na Educação Infantil, homens precisam provar que não colocariam as crianças em risco”


Em estudo sobre a participação masculina na Educação Infantil, Joaquim Ramos, da PUC-MG, entrevistou 14 docentes da rede pública de Belo Horizonte, os únicos homens entre mais de 1,8 mil profissionais. Sua conclusão foi de que os professores do sexo masculino só conquistam espaço após enfrentar questionamentos de colegas e da comunidade.
Carta Educação: Qual é o olhar sobre o homem na Educação Infantil?
Joaquim Ramos: O tratamento das profissionais e das famílias é de colocar o homem, enquanto sujeito, em xeque. Enquanto ele não der provas de uma sexualidade ilibada e de uma conduta respeitosa, ele será questionado. A sexualidade é especialmente questionada. Pensam que ou ele é perverso, ou é gay, ou não é “homem de verdade”. Os homens precisam provar que não colocariam as crianças em risco.
CE: Como é o tratamento entre colegas?
JR: A tendência entre as gestoras é de colocá-los em trabalhos secundários, como auxiliar ou responsável pela biblioteca. Também é comum colocá-los com as crianças maiores, que supostamente teriam mais condições de defesa. Só depois do período comprobatório há a certificação de que o medo é infundado.
CE: Qual costuma ser a postura da família?
JR: Quanto menos conhecimento a comunidade tem sobre o sujeito, há uma tendência em desqualificá-lo para o trabalho. Quanto mais conhecimento, com o tempo, passa-se a respeitá-lo.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.