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Chavismo vence, mas oposição denuncia fraude

Candidatos alinhados a Nicolás Maduro conquistam governos em 17 de 23 estados em eleições regionais que, segundo oposicionistas, foram repletas de irregularidades

Chavismo vence, mas oposição denuncia fraude
Chavismo vence, mas oposição denuncia fraude
Cerca de 61 % do eleitorado venezuelano participou das eleições regionais
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O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), do presidente Nicolás Maduro, conquistou o governo de 17 de 23 estados do país neste domingo (15/10), em eleições regionais denunciadas pela oposição como fraudulentas.

Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), alinhado ao chavismo, o PSUV tirou da oposição o estado de Miranda (centro-norte), governado por Henrique Capriles, candidato à presidência da Venezuela por duas vezes e uma das principais vozes de oposição a Maduro.

Também surpreendeu os oposicionistas as derrotas nos estados de Carabobo e Lara, dadas como certas na campanha. Reunida na Mesa da Unidade Democrática (MUD), a oposição venezuelana afirmou não reconhecer os resultados.

“Não reconhecemos os resultados anunciados pelo CNE”, disse o chefe de campanha da MUD, Gerardo Blyde, numa coletiva de imprensa durante a qual sinalizou que a aliança opositora pedirá uma auditoria de todo o processo eleitoral.

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Desde o início da campanha, os movimentos antichavismo denunciavam uma série de complicações para seu eleitorado, como a inabilitação de candidatos, cédulas confusas e mudanças de última hora nos locais de votação.

O processo em si já era tido por muitos antichavistas e observadores como simbólico, em meio ao que veem como uma campanha de intimidação de Maduro para reduzir o papel da oposição. Os governadores estão subordinados à Assembleia Nacional Constituinte, formada por chavistas.

Gerardo Blyde acusou o CNE de ter um “sistema trapaceiro, que não é transparente, que representa algumas condições abusivas de quem controla o poder”, e disse que os resultados divulgados pelas autoridades eleitorais “não refletem a realidade”.

“Estamos em um momento muito grave para a República, para o país, estamos perante um sistema que não dá confiança. E somente uns poucos acreditam que este sistema eleitoral seja transparente e dá garantia a quem vota neste país”, afirmou o líder opositor. 

Com 95,8% das urnas apuradas, a presidente do CNE, Tibisay Lucena, disse que os resultados são “irreversíveis” e sinalizou que a participação foi de 61,14% do eleitorado nos pleitos.

O PSUV ainda conquistou os governos nos estados de Apure, Aragua, Barinas, Carabobo, Cojedes, Delta Amacuro, Falcón, Guárico, Monagas, Portuguesa, Sucre, Trujillo, Vargas e Yaracuy. Já a oposição triunfou nos estados de Anzoátegui, Mérida, Nueva Esparta, Táchira e Zulia.

Em tese, a oposição controla dois estados a mais do que nas últimas eleições. Mas, em meio à grave crise econômica e política na Venezuela, o antichavismo dava como provável que conseguiria avançar nos estados, de modo a mostrar força antes do pleito presidencial de 2018.

O presidente Nicolás Maduro definiu as eleições como “um êxito total”. Ele indicou que, durante a eleição, que qualificou como “perfeita e exemplar”, não houve incidentes. Maduro acrescentou que faz apenas dez semanas que foi eleita a Assembleia Constituinte (30/07), o que teria permitido acabar com os protestos da oposição.

“Estas eleições estavam marcadas para dezembro e, como ferramenta de diálogo, a Constituinte as adiantou em função da paz, do sossego, da tranquilidade do país e para levar as contradições ao terreno eleitoral”, afirmou Maduro na sede do governo em Caracas.

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