Política

Para Mourão, violência só se resolve com “ação vigorosa na área social”

Nada de gestos de arminhas nas mãos, nada de ‘bandido bom é bandido morto’. O vice que está nos EUA nem pareceu bolsonarista

Para Mourão, violência só se resolve com “ação vigorosa na área social”
Para Mourão, violência só se resolve com “ação vigorosa na área social”
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O vice-presidente Hamilton Mourão está nos EUA participando do Brazil Conference, evento da Universidade Harvard e do Massachusetts Institute of Technology. Na manhã deste domingo 7, em resposta a uma pergunta sobre segurança pública no Brasil, o general fez uma afirmação que, mais uma vez, se opõe à linha ditada pelo presidente Jair Bolsonaro: “Se nós não tivermos um trabalho vigoroso na área social, não vamos resolver nunca a violência.”

Bolsonaro, sinal de arminha na mão, cansou de bater nos direitos humanos durante sua caminhada à Presidência. O presidente chegou a dizer diversas vezes que “bandido bom é bandido morto” e sempre defendeu penas mais duras para todos os tipos de crime. Para Mourão, não basta ter mais polícias, mais leis e mais armamento se ainda existem “pessoas que vivem amontoadas em favelas sem água, luz, esgoto e sem direito à moradia”. “Precisamos agir de forma vigorosa na área social”, afirmou.

 

O vice-presidente chegou a fazer um aceno ao discurso conservador habitual e disse que “precisamos ter leis mais duras e diminuir a maioridade penal, projeto que está aguardando votação no Congresso”. Mas logo em seguida abrandou e disparou contra as cadeias brasileiras. “Há prisões no Brasil que são masmorras. A punição só é valida quando educa. Como vou educar uma pessoa se eu jogo numa prisão que é uma masmorra? Sem ter uma atividade, sem ter uma progressão educacional. Precisamos mudar esse quadro do sistema prisional brasileiro”, concluiu sob aplausos da plateia. E, provavelmente, para caretas do chefe e de Sérgio Moro.

O general Hamilton Mourão, vice-presidente do Brasil (Agência Brasil)

Militares no poder

Outro ponto polêmico da passagem do vice-presidente pelo evento Brazil Conference foi quando o questionaram sobre a presença de militares no governo e a legitimidade das Forças Armadas após o período de ditadura no Brasil. “Geisel não foi eleito, eu fui”, sentenciou.

A plateia levantou para aplaudir Mourão. Logo em seguida, o vice-presidente disse mais: “Todos os militares do governo estão afastados dos quartéis, mas temos noção de que se errarmos muito, essa conta vai cair no colo das Forças Armadas.”

O vice seguiu: “Dois militares foram eleitos. Bolsonaro é politico, ficou 30 anos no Congresso. É mais politico do que militar, mas carrega dentro de si aquela formação que tivemos. Na hora de governarmos, procuramos sempre os melhores quadros.”

A frase causou um estranhamento. Momentos antes, Mourão havia afirmado que se fosse presidente escolheria outros nomes para compor o governo. “É devido à minha personalidade”, justificou.

Assista à participação de Hamilton Mourão na Brazil Conference:

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