Economia

Crise da Boeing abre espaço para aviões da Airbus e da chinesa Comac

Os modelos mais beneficiados com aumento de encomendas são o A320 da Airbus e o Comac 919 da Commercial Aircraft Corporation, de Xangai

Comac C919
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A crise da Boeing após dois acidentes com aviões 737 MAX 8 sem sobreviventes nos últimos cinco meses, na Indonésia e na Etiópia, está favorecendo a concorrente europeia Airbus e ainda a chinesa estatal Commercial Aircraft Corporation. Os modelos mais beneficiados com aumento de encomendas são o A320 da Airbus e o Comac 919 da Commercial Aircraft Corporation, de Xangai.

O presidente da China, Xi Jinping, anunciou pessoalmente durante visita à Europa no mês passado a encomenda de 300 aeronaves Airbus, uma réplica exata da compra de 300 Boeing em 2017 antes da guerra comercial desencadeada por Donald Trump.

A Comac, que iniciou os vôos de teste do C919 em 2017, recebeu até hoje 815 pedidos de 28 clientes. O mercado interno gigante da segunda economia mundial deverá adquirir cerca de 9 mil unidades de aviões de corredor único como o Comac 919 no valor total de 1,3 trilhão de dólares nas próximas duas décadas.

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A China ganhou confiança no Ocidente ao mostrar segurança e rapidez no veto ao Boeing 737 MAX 8 poucas horas após o acidente da Ethiopian Airlines, liderando uma onda global de suspensões. A Comac trabalha com a United Aircraft Corporation, de Moscou, para desenvolver o CR929 que terá autonomia para voar em rotas de longa distância como Pequim a Nova York. As duas empresas estatais desenvolvem também projetos de uma grande variedade de aeronaves para transporte de cargas, turboélices, jatos executivos, helicópteros e hidroaviões.

Outro avião da Comac, o jato regional ARJ21, concorre com aeronaves fabricadas pela brasileira Embraer, adquirida neste ano pela Boeing. Os compradores até agora são transportadoras menores, incluindo a Chengdu Airlines e a Genghis Khan Airlines. A China respondeu por cerca de 14% da receita da Boeing no ano passado, segundo dados compilados pela Bloomberg.

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A Comac e a Boeing são co-proprietárias de um centro de montagem ao sul de Xangai que abriu em dezembro entregando um 737 Max 8 para a Air China.

As quedas do Boeing 737 MAX 8 envolvem aspectos estarrecedores segundo vários relatos, inclusive o da investigação própria feita pela publicação Dallas Morning News: “Os pilotos repetidamente expressaram preocupações de segurança sobre o Boeing 737 Max 8 às autoridades federais e um comandante considerou o manual de voo ‘inadequado e quase criminosamente insuficiente’ vários meses antes do acidente na Etiópia que matou 157 pessoas. O Dallas Morning News encontrou na sua investigação cinco queixas sobre o modelo da Boeing em um banco de dados federal, onde os pilotos podem reportar voluntariamente incidentes de aviação sem medo de repercussões. As queixas tratam do mecanismo de segurança citado em relatórios preliminares sobre a queda de um Boeing 737 Max 8 em outubro, na Indonésia, que matou 189 pessoas.”

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Segundo o site Counter Punch, “É extremamente inusual que aviões sofram tais acidentes com tempo claro depois de terem atingido a altitude de cruzeiro. Especialistas em vôo concluíram que os pilotos não foram treinados adequadamente no Sistema de Ampliação de Características de Manobra (MCAS, na sigla em inglês), uma tecnologia de robótica que baixa o nariz de um avião para evitar o stall. Embora não haja um julgamento definitivo sobre exatamente o que aconteceu, parece ser uma combinação de treinamento inadequado para os pilotos e um MCAS com defeito.”

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