Sociedade

CNJ vai investigar desembargador que ofendeu juízas em vídeo

Magistrado aparece ao lado do cantor sertanejo Leonardo fazendo comentários com analogia ao estupro

CNJ vai investigar desembargador que ofendeu juízas em vídeo
CNJ vai investigar desembargador que ofendeu juízas em vídeo
(Foto: Reprodução do Youtube)
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A Corregedoria Nacional de Justiça vai apurar a conduta do desembargador Jaime Machado Júnior, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, que aparece em vídeo ao lado do cantor Leonardo fazendo analogia ao estupro em referência à juízas.

O corregedor, Humberto Martins, quer saber se está configurado no caso possível infração disciplinar. O ministro deu prazo de 15 dias para que o magistrado apresente explicações.

Para o ministro Humberto Martins, há indicações de que o ato do desembargador, em tese, caracteriza conduta que viola os deveres dos magistrados. “Determino a instauração de pedido de providências, que deverá tramitar nesta Corregedoria Nacional de Justiça, a fim de esclarecer os fatos”, decidiu Martins.

A corregedoria foi provocada pela conselheira Iracema Vale, que apresentou manifestação do grupo de trabalho criado pela Resolução CNJ 255, que institui a Política Nacional de Incentivo à Participação Institucional Feminina no Poder Judiciário, bem como de um ofício enviado pela conselheira Maria Tereza Uille Gomes.

“O magistrado foi autor de palavras profanas e protagonista de registro audiovisual que avigora a objetivação da mulher e acirra a desigualdade de gênero, o que vai de encontro às políticas de proteção, assistência e combate à violência contra a mulher, que vem sendo desenvolvidas pelo CNJ”, afirma Maria Tereza Uille no documento.

Em um vídeo gravado no domingo 24 em um restaurante, o desembargador aparece ao lado do cantor Leonardo e menciona os nomes das juízas. Na sequência, o artista manda cumprimentos às magistradas, mas é cortado pela intervenção do magistrado dizendo: “Nós vamos aí comer vocês”. Enquanto o cantor ri, Jaime Machado dispara: “ele segura e eu como”.

Após a divulgação das imagens, o magistrado pediu desculpas. “Tratou-se de um vídeo para um grupo social privado, ao qual pertenço, e com juízas amigas. E até seria uma forma de homenageá-las. Não houve nenhum cunho, de forma alguma, depreciativo, ofensivo. Eu sou espontâneo, sou extrovertido, e talvez isso, essa interpretação é que possa, em público, ter outro cunho. Se alguém se sentiu ofendido ou ofendida, eu peço escusa. Não era esse o propósito, eu jamais faria isso”, disse.

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