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A falta que faz um trabalho psicológico para a Seleção Brasileira

Apenas seis clubes grandes possuem esse apoio e dentro da própria comissão técnica da seleção não há um profissional de Psicologia

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Quando amamos o futebol, geralmente, possuímos um time do coração e também torcemos –ferozmente – por alguma seleção em torneios mundiais. Então, vibramos a cada vitória e choramos nas derrotas. Só que, muitas vezes, nós, meros torcedores, pressionamos o nosso time para a conquista da partida ou do título, às vezes sem pensar que por trás disso deve existir uma enorme preparação da equipe, tanto física quanto emocional.

Mas e quando essa pressão ultrapassa os comentários de ruas quaisquer e invadem o espaço midiático? Será que os jogadores, o técnico e a comissão por trás da responsabilidade depositada possuem preparo para lidar com isso? Será que isso invade o intelecto de cada um deles, tomando conta de sua mente em todas as partidas e não deixando que se entregue totalmente?

Não é possível obter essas respostas por completo, mas podemos analisar a situação em que a seleção brasileira de futebol masculino se encontra após o desastre, em 2014, do 7×1. A equipe envolvida naquele cenário encontra-se vulnerável até os dias de hoje. Tenta, a todo jogo, mostrar que a seleção é outra, que houve amadurecimento do futebol e diversas coisas nesse estilo.

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Só que as pessoas envolvidas na equipe são seres humanos como quaisquer outros, que, quando submetidas a uma pressão, precisam de acolhimento, orientação e supervisão emocional, para que uma derrota ou um fator negativo não atrapalhem seu rendimento pelo restante da carreira. Mas, durante a Copa do Mundo de 2018, foi possível perceber que ainda há resquícios do trauma de 2014 em muitas jogadas. No jogo contra a Suíça, por exemplo, após tomar um gol, sendo que seria o do empate, a equipe se desestabilizou. Então, percebe-se que há a grande necessidade (e cobrança) de trazer o tão sonhado hexa para casa. Porém, não há o suporte necessário para que isso seja realizado. E, ao mesmo tempo, existem aqueles torcedores que, ao perceberem o cenário negativo para a seleção, já começam com um “já sabia”; “ainda bem que não estava torcendo”. Ou seja, questionam e afirmam duvidar do potencial da seleção, dificultando a relação dos brasileiros com a equipe.

Em 2019, há outro cenário para este fator ser analisado: a Copa América. O evento, que também será realizado no Brasil, tem sido abordado como época para a seleção mostrar que o futebol ainda está presente no cenário brasileiro. Só que isso é feito de uma forma que não se prepara, apenas se cobra, o que pode piorar a situação.

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Todos esses fatores prejudicam o psicológico da equipe, principalmente dos jogadores, que acabam recorrendo a ajuda nos mesmos lugares em que as cobranças costumam ter início: na família e na comissão técnica. Por mais que a CBF realize preparos sobre psicologia do esporte em cursos e que cobre a necessidade de psicólogo na categoria de base, nos grandes times profissionais apenas seis possuem esse apoio e dentro da própria comissão técnica da seleção, não há a presença desse profissional.

Assim, nota-se que ainda existe uma precariedade no preparo do futebol brasileiro, mesmo que seja algo marcante de nosso país, já que há a “ressalva” de ter alguém que trabalhe com o mental dentro da equipe, isso, muitas vezes, com a desculpa da falta de tempo dos jogadores. Só que também é possível perceber que a inclusão do psicólogo nesse meio tenha que ser devagar e gradual, até os jogadores se sentirem confortáveis e adquirirem confiança no que está sendo trabalhado.

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