Educação
MEC estuda modelo militar para escola de Suzano
As aulas na unidade serão retomadas na próxima terça-feira, 13 dias após o ataque
O ministro da educação Ricardo Vélez Rodriguez anunciou em seu twitter que vai se reunir com o prefeito de Suzano, Rodrigo Ashiuchi, para estudar a viabilidade do modelo cívico-militar para a escola Escola Estadual Professor Raul Brasil, que sofreu um ataque no último dia 13. As aulas na unidade serão retomadas na terça-feira 26.
Como um alento à comunidade escolar de Suzano, Raul Brasil, informo que o MEC antecipou o repasse anual do PDDE. Segunda-feira, me encontrarei com o prefeito, Rodrigo Ashiuchi, para estudarmos a viabilidade do modelo cívico-militar na escola.
— Ricardo Vélez (@ricardovelez) 22 de março de 2019
A possível militarização da unidade segue como resposta ao ataque ocorrido no último dia 13 e que deixou um total de 10 mortos. A agenda é defendida pelo presidente Jair Bolsonaro desde o seu plano de governo, que previa, ao menos, a abertura de um colégio militar por estado.
Especialistas ouvidos por Carta Capital discordam que militarizar as escolas seja uma resposta para a violência, caso do pesquisador da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), André Lázaro. “A escola não é ambiente de obediência e hierarquia cega, mas de diálogo. A escola militarizada é aquela onde não se discute, se obedece. Não se constitui cidadania se as pessoas não pensam, se constitui ditadura”.
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Na mesma linha, pensa a educadora social e doutora em educação Irandi Pereira, que defende que as escolas sejam por profissionais da área da educação, “que tenham trajetória, vivência na área e sejam capazes de ofertar uma educação para toda a comunidade do entorno em que se localiza a unidade.”
Para ela, o debate sobre segurança não deve se restringir ao contexto escolar. “Precisamos discutir a segurança da população, da comunidade, do entorno onde estão não só as escolas, mas os centros de saúde, de cultura, lazer. A violência está em todos os lugares por ausência de políticas públicas. O que quero dizer é que discutir o ocorrido em Suzano é avaliar o que se passa em uma sociedade refém da ausência do Estado e o que de fato são ações públicas qualificadas que cuidem do cidadão, o considere, pense na evolução de uma sociedade que reduza as desigualdades sociais”, problematiza.
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