Política

Mais uma vez, CCJ da Câmara rejeita denúncia contra Temer

O presidente da República foi acusado de organização criminosa e obstrução de Justiça. A decisão final será do plenário

Mais uma vez, CCJ da Câmara rejeita denúncia contra Temer
Mais uma vez, CCJ da Câmara rejeita denúncia contra Temer
Bonifácio de Andrada na reunião desta quarta-feira 18: relator tucano fez firme defesa de Temer
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A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou nesta quarta-feira 18 o relatório do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) e rejeitou a segunda denúncia contra o presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP), que desta vez incluía também os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral). Foram 39 votos a favor do relatório – e contra o prosseguimento da denúncia – e 26 contra, com uma abstenção.

O resultado é uma sinalização de como os deputados estão encarando a questão. A palavra final sobre o prosseguimento ou não da denúncia caberá ao plenário da Câmara. Lá, a ação aberta pela Procuradoria-Geral da República ainda sob o comando de Rodrigo Janot precisaria de ao menos 342 votos, o que corresponde a dois terços dos 513 deputados, quórum exigido pela Constituição para que denúncias contra um presidente da República sejam encaminhadas ao Supremo Tribunal Federal (STF).

A previsão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é de que a votação da denúncia se encerre até o fim de outubro. Se for aprovada e aceita pelo STF, Temer é afastado da Presidência por até 180 dias. Ninguém considera este cenário possível, no entanto.

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O relatório de Andrada foi apresentado na terça-feira 10 e defendia a rejeição da denúncia contra Temer. A recomendação vale também para as denúncias contra Eliseu Padilha e Moreira Franco. Na ação, Temer é acusado de liderar uma quadrilha que desviou 537 milhões de reais dos cofres públicos. A base da acusação, que também envolve o crime de obstrução de justiça, são as delações da JBS e de Lúcio Funaro. A defesa de Temer foi entregue à comissão na semana passada.

Relatório e defesa

No texto, Andrada fez uma forte defesa do presidente, inclusive alinhada aos argumentos já apresentados pelos advogados de Temer, que desqualificaram os delatores e afirmam que as gravações, que se tornaram provas, foram obtidas de maneira ilícita. 

Em seu relatório, Andrada criticou a atuação do Ministério Público (MP), da Polícia Federal (PF) e da imprensa. Afirmou que o MP tem “uma força sob certo aspecto até maior do que o próprio juiz“. Criticou, ainda o comportamento da imprensa, que “fortalece” as ações “espetacularizadas” do MP.

Em nova fala, nesta quarta-feira 18, Andrada afirmou que é contra a admissibilidade do processo exclusivamente por razões jurídicas. “As razões políticas não me cabem”. Para ele, a denúncia não pode ser admitida por falta de elementos. “É o que está na Constituição”.

Na mesma linha, o advogado de Temer, Eduardo Carnelós, afirmou que a denúncia foi construída com base “em uma atuação lamentável, deplorável, pelo ex-procurador-geral da República” e reafirmou sua posição contra o instituto da delação premiada. “A delação de Lúcio Funaro é devastadora, pois deixa muito evidente os métodos sórdidos usados pelo ex-procurador da República” para a obtenção da delação.

Já na conclusão de sua fala, Carnelós afirmou que o Brasil tem vivido uma era de arbítrio, que atinge a todos. “O arbítrio não escolhe coloração, não escolhe partido político. Ele age como arbítrio”, concluiu.

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