Política

Em artigo, general da reserva defende novo golpe militar no Brasil

Luiz Eduardo Rocha Paiva defende intervenção “mesmo sem amparo legal” caso a crise política resulte “na falência dos Poderes da União”

Em artigo, general da reserva defende novo golpe militar no Brasil
Em artigo, general da reserva defende novo golpe militar no Brasil
Blindado do Exército na Rocinha. Rocha Paiva quer outro golpe
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Em artigo publicado no jornal O Estado de S.Paulo nesta quinta-feira 5, o general da reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva defende um golpe de Estado no País caso a crise política chegue a níveis “extremos”.

“A intervenção militar será legítima e justificável, mesmo sem amparo legal, caso o agravamento da crise política, econômica, social e moral resulte na falência dos Poderes da União, seguida de grave instabilidade institucional com risco de guerra civil, ruptura da unidade política, quebra do regime democrático e perda de soberania pelo Estado”, escreve Paiva.

Citando o artigo 142 da Constituição e a Lei Complementar 97/1999, o general afirma que a legislação veta eventuais intervenções que não sejam determinadas pela Presidência da República, mas deixa lacunas a respeito do emprego das Forças Armadas: “A lei não eliminou a possibilidade de um impasse institucional caso o Judiciário ou o Legislativo requeiram o emprego das Forças Armadas e o presidente se recuse a dar a respectiva ordem, pois o Brasil não está imune ao conflito entre os Poderes da União, como se vê no atual contexto político”.

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O militar diz ainda que, “em tal quadro de anomia”, as Forças Armadas assumirão o papel de “recuperar a estabilidade do País” e “pacificar” a sociedade. “São ações inerentes às missões constitucionais de defesa da Pátria, não restrita aos conflitos externos, e de garantia dos Poderes constitucionais, da lei e da ordem.”

Luiz Eduardo Rocha Paiva Luiz Eduardo Rocha Paiva quer outro golpe (Foto: Moreira Mariz / Agência Senado)Paiva afirma que os representantes do Executivo e do Legislativo brasileiros “profundamente desacreditados pelo envolvimento de altos escalões em inimagináveis escândalos de corrupção, perderam a credibilidade para governar e legislar”. O general ainda demonstra preocupação com o futuro da Operação Lava Jato e diz que, embora desgastadas, as lideranças políticas têm força para barrar as investigações e escapar da Justiça.

Depois de elogiar “a credibilidade da presidente do STF [ministra Cármen Lúcia] e da maioria dos ministros”, o general da reserva diz que apenas o Supremo e a sociedade terão condições de deter o agravamento da crise moral, que, “em médio prazo, poderá levar as Forças Armadas a tomarem atitudes indesejáveis”.

Em editorial publicado também nesta quinta-feira 5, o Estadão justifica o espaço dado ao militar com o argumento de que o texto serve como “ilustração do pensamento” que tem o potencial de prosperar dentro das Forças Armadas e também entre os cidadãos “desencantados com os políticos”.

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