Política

Mourão relaciona massacre a jogos de videogame: “Garotada viciada”

Aliados do governo aproveitam tragédia para criticar o Estatuto do Desarmamento

Mourão relaciona massacre a jogos de videogame: “Garotada viciada”
Mourão relaciona massacre a jogos de videogame: “Garotada viciada”
Mourão, o vice (Foto: ABr)
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Questionado sobre a tragédia que deixou dez mortos em uma escola pública de Suzano (SP), o vice-presidente Hamilton Mourão relacionou o caso à popularidade dos jogos violentos entre adolescentes.

“Na minha opinião (…) vemos essa garotada viciada em videogames (…) videogames violentos. Tenho netos e os vejo muitas vezes mergulhados nisso aí”, disse a jornalistas em Brasília. Mourão discorda que o caso tenha algo a ver com a flexibilização do desarmamento. “Vai dizer que a arma que os caras estavam lá era legal? Não era. Não tem nada a ver, né?”

Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, entraram no pátio da Escola Estadual Raul Brasil atirando. Portavam um revólver, faca, machadinhas e uma besta (uma espécie de arco e flecha). Ambos cometeram suicídio. A polícia ainda não sabe como eles conseguiram o revólver.

Mourão falou sobre o caso antes mesmo de Jair Bolsonaro. A primeira manifestação do presidente veio às 15h59, mais de seis horas depois do crime. Bolsonaro prestou condolências às famílias e disse que o ato era “uma covardia e monstruosidade sem tamanho”.

Enquanto Bolsonaro, após o longo silêncio, optou pelo caminho protocolar, a declaração do vice dá um pista de como os aliados do governo estão tratando a tragédia. Políticos do PSL e outros alinhados ao discurso pró-armas tem tratado o caso como exemplo de falência do Estatuto do Desarmamento, e sugerem que a solução passa por facilitar o acesso às armas.

O senador Major Olímpio, líder do PSL no Senado, diz que tragédias seriam evitadas se os professores pudessem entrar em sala armados. Ele também defendeu, via Twitter, que a redução da maioridade penal é eficaz para inibir casos como este –  que, na imensa maioria, terminam com o suicídio dos atiradores.

Flavio Bolsonaro, também senador, seguiu a mesma linha do companheiro de plenário e destacou que um dos atiradores era menor de idade. Disse ainda que a tragédia “atesta o fracasso do malfadado Estatuto do Desarmamento”.

Eleita com 264 mil votos, na esteira do conservadorismo, a PM Katia Sastre também lamentou a tragédia. Katia ficou conhecida por abater um bandido que tentara assaltar a escola da filha dela, também em Suzano, e sugeriu que uma abordagem como aquela evitaria a tragédia. “Há um ano, eu vivi essa cena, que somente não terminou assim pela proteção de Deus e o meu preparo profissional”, escreveu. Finalizou dizendo que lutaria por penas mais duras a esses crimes.

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