Mundo
Artistas cancelam apresentações no Kennedy Center rebatizado em homenagem a Trump
A atitude provocou a ira de Richard Grenell, presidente da instituição
Vários artistas cancelaram suas apresentações no Kennedy Center, uma emblemática instituição cultural da capital dos Estados Unidos que acaba de ser rebatizada como Trump-Kennedy Center por seu conselho diretor, integrado por aliados do presidente republicano.
Músicos que deveriam tocar no fim do ano anunciaram o cancelamento de suas apresentações, o que provocou a ira de Richard Grenell, presidente da instituição.
“Os artistas que agora cancelam espetáculos foram contratados pela direção anterior de extrema esquerda”, escreveu na segunda-feira à noite (29) no X, classificando-os como “ativistas”.
“As artes são para todos e a esquerda se enfurece com isso”, acrescentou, ao denunciar um “boicote”.
Grenell também ameaçou um dos artistas, Chuck Redd, com ações legais e exigiu uma indenização de 1 milhão de dólares (5,5 milhões de reais na cotação atual), em uma carta publicada pela imprensa americana.
Para The Cookers, um grupo de jazz que decidiu cancelar seu concerto de 31 de dezembro, “o jazz nasceu da luta e de uma obstinação incansável pela liberdade: liberdade de pensamento, de expressão”, segundo informou em um comunicado.
“Não viramos as costas para nosso público e queremos garantir que, quando voltarmos ao palco, a sala possa celebrar a presença plena da música e de todos que a fazem”, indicou o texto.
A companhia de dança Doug Varone and Dancers, cuja apresentação em Washington estava prevista para abril de 2026, também cancelou suas performances.
“Por conta da última decisão de Donald Trump de renomear a sala em sua homenagem, já não podemos nos permitir, nem pedir ao nosso público, colocar um pé nesta instituição outrora prestigiosa”, afirmou na segunda-feira no Instagram.
Kristy Lee, uma cantora de folk, confessou nas redes sociais que cancelar seu show, previsto para janeiro de 2026, “é doloroso”.
“É assim que pago as minhas contas. Mas perder minha integridade me custaria mais que qualquer salário”, declarou.
A Casa Branca anunciou em 18 de dezembro que o Kennedy Center passaria a se chamar “Trump-Kennedy Center” após uma votação unânime do conselho diretor.
A mudança de nome foi rejeitada pela família do falecido presidente John F. Kennedy e pela oposição democrata.
A nova direção da instituição também eliminou os espetáculos de drag e os eventos que celebram a comunidade LGBTQIA+.
Em contrapartida, organizou conferências da direita religiosa e convidou artistas cristãos.
Segundo a imprensa americana, a venda de ingressos diminuiu desde a chegada do novo conselho de administração.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também
Situação humanitária em Gaza continua ‘catastrófica’, afirmam dez países
Por AFP
Iêmen decreta estado de emergência diante do avanço de grupos separatistas
Por AFP
Morre idosa espanhola famosa por restauração peculiar de retrato de Cristo
Por AFP



