Política
Bolsonaro deixa a prisão para internação e cirurgia
O ex-presidente passará por operação de hérnia inguinal no dia de Natal
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou a Superintendência da Polícia Federal em Brasília – local onde está preso desde novembro – na manhã desta quarta-feira 24 rumo ao hospital particular onde passará por cirurgia de hérnia inguinal na quinta-feira.
Na terça-feira 23, os advogados de Bolsonaro solicitaram autorização ao Supremo Tribunal Federal (STF) para o procedimento. O pedido previa a realização do procedimento no dia de Natal, com a internação na véspera para os exames pré-operatórios. Após manifestação da Procuradoria-Geral da República, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, autorizou a saída.
Bolsonaro deixou o local da prisão em um comboio organizado pela própria PF. O hospital fica a menos de dois quilômetros, e o trajeto foi percorrido em poucos minutos. Equipes de televisão mostraram imagens aéreas do traslado. Bolsonaro não foi visto nas gravações.
O ex-presidente foi levado ao hospital em comboio organizado pela PF – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
No despacho autorizando o procedimento, Moraes pontuou que transporte e segurança de Bolsonaro deveriam ser realizados pela PF “de maneira discreta”, com desembarque na garagem do hospital. Além disso, determinou que agentes da corporação devem ficar de prontidão para “a completa vigilância e segurança do custodiado durante sua estadia”.
Antes da saída do pai da Superintendência da PF, o agora ex-vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro foi ao hospital e, na parte externa, conversou com jornalistas. Ele disse que tentaria ver o pai à distância e que isso seria “um presente de Natal”.
Os advogados de Jair chegaram a pedir que Carlos e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), também filho do ex-presidente, fossem autorizados a acompanhar os procedimentos, mas Moraes negou. Apenas a esposa do ex-capitão, Michelle, foi autorizada a estar com ele durante a internação.
A cirurgia
Uma perícia médica realizada pela Polícia Federal (PF) indicou que a cirurgia é recomendada, e deve acontecer “o mais breve possível” devido à piora do sono e da alimentação de Bolsonaro. Moraes, então, autorizou a realização do procedimento, e solicitou detalhes sobre data e local.
A hérnia inguinal acontece quando uma parte do intestino ou de outro tecido do abdômen “escapa” por um ponto mais fraco do músculo, na região da virilha. Isso costuma provocar um inchaço visível no local, que pode surgir ou aumentar quando a pessoa tosse, faz força ou fica muito tempo em pé. Além do caroço, é comum haver dor, ardor ou sensação de peso na região.
Quando o problema aparece dos dois lados da virilha, ele recebe o nome de hérnia inguinal bilateral.
A condição é mais frequente em homens e pode estar relacionada a esforço físico intenso, envelhecimento ou aumento da pressão dentro da barriga. Na maioria dos casos, o tratamento mais eficaz é a cirurgia, que corrige o músculo enfraquecido e evita que o problema se agrave.
Bolsonaro, de 70 anos, está preso na sede da PF em Brasília desde o final de novembro, onde cumpre pena pela tentativa de golpe de 2022. Ele ficará internado no Hospital DF Star, em Brasília, onde já foi submetido a cirurgias anteriormente. A duração da internação não foi especificada. A defesa também solicitou autorização para um bloqueio anestésico do nervo frênico, que controla o diafragma, devido a soluços recorrentes.
Na sexta-feira, Moraes rejeitou um novo recurso dos advogados de Bolsonaro que buscavam que o ex-presidente cumprisse sua pena em prisão domiciliar. O ex-presidente tinha uma entrevista agendada para esta terça-feira ao portal Metrópoles, a primeira desde que foi preso. Mas ele cancelou em cima da hora por “motivos de saúde”, segundo uma nota manuscrita publicada pelo portal.
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